terça-feira, 30 de setembro de 2025
AUTÁRQUICAS 2025: DIA 1 DA CAMPANHA
ONTEM LEMBREI-ME DISTO...
De Mário-Henrique Leiria:
ÚLTIMA FESTA DO CONCELHO
Ontem, foi dia de ir à Póvoa de S. Miguel. É a última das festas religiosas do concelho. Foi-me recordado, várias vezes, que nunca falho a ida à festa da Póvoa. É quase verdade. Desde 2005 não terei ido uma ou duas vezes.
S. Miguel Arcanjo derrotando Satanás - Guido Reni (1635)
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
E SE FOSSE SEVILLA?
domingo, 28 de setembro de 2025
O "PERÍODO NEGRO" DA CDU/PCP
Num recente, e infeliz, texto publicado no facebook o ainda presidente da câmara Álvaro Azedo refere-se ao “período negro da CDU/PCP à frente dos destinos do concelho”.
Se nos reportarmos aos anos 1997/2017 são muitos os exemplos do trabalho e dos resultados no “período negro”. Deixo aqui 21 (vinte e um) exemplos, de entre muitos, mas muitos mais do que aquela pessoa chama “período negro”:
• A total renovação do parque de feiras e exposições (incluindo a compra dos pavilhões à expo 98, mais as novas pavimentações e a construção do parque de leilão de gado);
• O projeto das energias renováveis, que resultou na construção da central fotovoltaica da Amareleja e na instalação da fábrica de montagem de painéis em Moura;
• A intervenção na rede de águas em Moura e no Sobral da Adiça, orçada em mais de 4 milhões de euros;
• A instalação, de forma adequada, das oficinas municipais na Zona Industrial;
• O projeto de regularização da Ribeira da Perna Seca, no Sobral da Adiça, cujas obras foram pagas exclusivamente pelo Município;
• As obras de renovação e de requalificação da Zona Industrial de Moura;
• O projeto e a obra do Pavilhão das Cancelinhas, na Amareleja;
• Recuperação de edifícios e de espaços públicos como o Castelo de Moura, o Centro de Joalharia Alberto Gordilho, a Mouraria, o Pátio dos Rolins, o antigo Matadouro, a igreja do Espírito Santo, o Lagar de Varas e o Jardim das Oliveiras, em Moura (etc.);
• O projeto da Torre do Relógio (Amareleja), cujo contrato foi assinado ainda no mandato da CDU;
• A recuperação para a gestão municipal da Herdade da Contenda, num processo assumido pela autarquia, que inclui a resolução da situação dos trabalhadores;
• Renovação de edifícios escolares em Moura, Santo Amador e Santo Aleixo da Restauração;
• Dinamização do processo de instalação da Escola Básica Integrada de Amareleja e a criação da Escola Profissional de Moura;
• Apoio à instalação do Conservatório Regional do Baixo Alentejo e à qualificação de instalações de várias associações;
• Apoio à intervenção nos parques desportivos de Moura e de Amareleja;
• A remoção de amianto em edifícios públicos, nomeadamente em escolas e em equipamentos desportivos;
• A requalificação do Pavilhão Gimnodesportivo (nova cobertura e novo pavimento);
• A renovação do espaço do antigo Campo Maria Vitória;
• A recuperação da Igreja de S. Francisco e a recuperação da estrutura das igrejas de Safara e da Estrela;
• A renovação e reforço da Ponte do Coronheiro;
• A aquisição e colocação em funcionamento do antigo Espaço Sheherazade;
• A recuperação do Edifício dos Quartéis e da área à sua volta, precedido da construção de habitação para realojamento dos moradores.
Estes são alguns exemplos do que chama “período negro”. Já o período rosa de Álvaro Azedo/PS de oito anos caracteriza-se por meia dúzia de intervenções – algumas à boleia do Governo... – e pela incapacidade em resolver problemas e em fazer avançar processos como o do Convento do Carmo. Para isso, é preciso saber. E ele sabe muito pouco.
sábado, 27 de setembro de 2025
JOÃO DE DEUS
Um excelente final de tarde, em São Bartolomeu de Messines.
Apresentação do livro sobre a vida e obra de João de Deus, edição conjunta da Imprensa Nacional e do Panteão Nacional. Um belo trabalho de José Alberto Quaresma. Com intervenções do autor, de Cláudio Garrudo (da Imprensa Nacional) e de Rosa Palma (Presidente da Câmara Municipal de Silves). Coube-me a apresentação do livro e fazer uma pequena reportagem fotográfica.
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
CASTELO DE VIDE...
E, mesmo no início da campanha, um "raid" de umas 15 horas a Castelo de Vide. Ainda e sempre Duarte Darmas.
Que método de trabalho e que estratégia de divulgação? São essas as questões.
Participação na Escola de Outono.
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
39
Não é bem 39 Special, mas há exatamente 39 anos (25.9.1986, uma quinta-feira) apresentava-me na Câmara de Moura para começar a trabalhar.
Um percurso já longo, e sem arrependimentos.
Amanhã serão 39 anos e 1 dia.
quarta-feira, 24 de setembro de 2025
7 ANOS * 11 MESES * 2 DIAS
Pois é. Não tenho sossego.
7 anos, 11 meses e 2 dias depois de ter deixado as funções de Presidente da Câmara e sem ter atividade direta nos órgãos autárquicos desde então continuo a vir à baila. Um fascínio com a minha pessoa que me deixa quase vaidoso.
Desta vez foi dita uma descarada mentira a meu respeito. Supostamente, no dia 27 de junho de 2016 (isso aconteceu há 9 anos, 2 meses e 27 dias!) teria recusado responder a perguntas na Assembleia Municipal, sobre o assunto da instalação do Continente, tendo dado o assunto por terminado.
Leia-se a ata dessa sessão sff:
https://www.cm-moura.pt/wp-content/uploads/2020/07/Ata-4-AMM-1.pdf
ONTEM, NO MACAM
Ontem, foi dia de ir ao Museu da Arte Contemporânea Armando Martins (MACAM) assistir à entrega do Prémio Gulbenkian Património.
A assombrosa recuperação do estado de ruína em que estava o Palácio do Conde da Ribeira Grande é, desde logo, uma iniciativa de assinalar. Devia o Estado seguir-lhe o exemplo.
E depois há a fantástica coleção que Armando Martins reuniu e a que agora Adelaide Ginga dá vida.
Não resisto a deixar aqui uma imagem da intervenção visual de Carlos Aires (n. 1974), um Cristo Negro detrás do qual passam, em loop, vídeos nada neutros.
terça-feira, 23 de setembro de 2025
LUÍSA CORREIA PEREIRA
E está tudo a postos. Inauguração amanhã à tarde. Uma enorme surpresa (para mim) a descoberta da obra de Luísa Correia Pereira.
Em outubro haverá algumas iniciativas de grande impacto. Em novembro haverá novidades. Em dezembro haverá surpresas.
O ano corre bem, felizmente.
segunda-feira, 22 de setembro de 2025
SORTIDO FINO
Os dias podem ser chatos e cansativos. Mas nunca verdadeiramente aborrecidos.
Hoje. logo pela manhã:
Leitura de um texto do Pe. Portocarrero de Almada, que defende a ida de Afonso de Albuquerque para o Panteão. Bom, já lá está desde 1966... A menos que seja outro Afonso de Albuquerque.
Leitura do que já se sabia. Razão para ter "orgulho" em tal criatura.
Leitura das tiradas racistas de um ativista radical recentemente assassinato (assassinato esse que condeno).
domingo, 21 de setembro de 2025
O POVO EM CORUCHE
sábado, 20 de setembro de 2025
O BARBEIRO NEGRO DO SUEZ
"Mergulhado" no orientalismo (e na digitalização de milhares de imagens... algum dia seria) dei com esta pintura de Léon Bonnat (1833-1922), pintada no Suez, em 1876. Léon Bonnat tinha um registo académico, mas aqui tem uma abordagem que é tudo menos convencional. E que é uma bela pintura.
Não consegui localizar o quadro. As informações são contraditórias. Aparentemente, estará num museu privado, nos Estados Unidos.
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
NOS CAMPOS DE MÉRTOLA II
quinta-feira, 18 de setembro de 2025
PORTUGAL DE TODO O MUNDO
Por ordem alfabética, aqui vão os nomes e a origem, mais próxima ou mais distante, de alguns medalhados em Jogos Olímpicos, em Mundiais e em Europeus nos últimos 25 anos:
Agate Sousa São Tomé e Príncipe
Auriol Dongmo Camarões
Carla Sacramento São Tomé e Príncipe
Francis Obikwelu Nigéria
Jorge Fonseca São Tomé e Príncipe
Isaac Nader Marrocos
Naide Gomes São Tomé e Príncipe
Nélson Évora Cabo Verde
Nuno Delgado Cabo Verde
Patrícia Mamona Angola
Pedro Pablo Pichardo Cuba
Rochelle Nunes Brasil
Tsanko Arnaudov Bulgária
Fico feliz com esta diversidade. Somos de onde queremos ser e onde queremos estar.
A minha família terá, segundo um genealogista, vindo de Marrocos (século XIX?). Tenho também ascendentes andaluzes. Será que algum imbecil me vai dizer "vai para a tua terra!"?
quarta-feira, 17 de setembro de 2025
PRÉMIO VILALVA 2025 PARA O MACAM
O Prémio Vilalva deste ano foi atribuído ao MACAM - Museud e Arte Contemporânea Armando Martins. O MACAM é um projeto invulgar no nosso meio.
Cito, da nota difundida pela Fundação Caloutse Gulbenkian:
O júri, presidido por António Lamas, referiu na ata que se trata de “uma das mais importantes edificações palacianas lisboetas de meados do século XVIII, época de grande dinamismo construtivo e de revalorização da Rua da Junqueira como eixo entre a cidade e o Palácio Real, instalado, depois do terramoto de 1755, na Real Barraca da Ajuda. Ao longo do século XX, o vasto edifício foi, na quase totalidade da sua área, ocupado por instituições escolares, a mais duradoura das quais, a Escola Secundária Rainha Dona Amélia.”
O palácio foi intervencionado pela Metro Urbe, dirigida pelos arquitetos João Pedras e Hélder da Silva Cordeiro, que criaram, ainda segundo o júri, um equilíbrio cativante entre a salvaguarda e restauro patrimoniais e as exigências estruturais, funcionais e estéticas dos novos equipamentos.
Veja-se a nota completa em:
https://gulbenkian.pt/
terça-feira, 16 de setembro de 2025
E A FEIRA FOI(-SE)
Dois pontos prévios a este texto:
Escrevo-o sem estar aziado (podia ser assim se houvesse motivo para qualquer tipo de inveja; ora, tal não sucede nem há motivo para isso)
O que aqui escrevo não se dirige nem tem por alvo os trabalhadores da Câmara Municipal de Moura. Mas sim os políticos que estão à frente da autarquia.
Posto isto, vamos aos factos:
O executivo camarário do PS/Moura matou a feira de setembro e já a enterrou.
Fazer da feira uma sucessão de artistas (45.000 euros mais IVA para os Xutos é andar com o dinheiro ao pontapé) é um disparate e um programa preguiçoso. Contratam-se os artistas e acabou-se.
A feira do artesanato é quase uma inexistência.
A feira tradicional morreu, por incapacidade para a reinventar.
O concurso de petiscos desapareceu (nunca percebi porquê...) e com ele se foi uma das formas de estimular a presença das coletividades, das associações etc.
Havia quatro tasquinhas vazias. Algo que nunca aconteceu até 2017... E só havia mais tasquinhas ocupadas porque os restaurantes marcaram presença na feira.
Nota de ironia: uma vez, ainda era vereador, fui criticado (aconteceu-me algumas vezes!) por pessoas da sede do concelho que achavam que as coletividades "das freguesias" não tinham nada que estar presentes na feira de Moura, porque esta se realizava na sede do concelho. Um argumento sem pés nem cabeça, a que nunca dei valor nem me passou pela cabeça seguir. Pois bem, este ano, se não fossem as comissões de festas de Amareleja, de Safara, de Santo Aleixo, de Santo Amador e do Sobral da Adiça mais tasquinhas ficariam por ocupar.
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
BUFOS, PIDES, FACHOS E CHIBOS
O agora desaparecido Charlie Kirk era o promotor de dois sites onde se estimulavam a bufaria e a denúncia mais abjetas.
Tratava-se / trata-se de expor e de denunciar os professores com os quais não se está de acordo. Para quem alimenta estes sites, há um perigoso comunista em cada esquina e em cada cadeira universitária. Todos os de quem eles não gostam têm de ser afastados. Em nome de quê? Da Liberdade e da Verdade, evidentemente...
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
PINTURA CAIROTA
"Guardas à porta do túmulo" é uma pintura orientalista que está na National Gallery of Ireland. O seu autor é Jean-Léon Gérôme (1824-1904) que conheceu bem o Levante Mediterrânico. Ao ver o quadro não pude deixar de me lembrar de um belo filme de Sérgio Tréfaut, "A cidade dos mortos". E não pude deixar de me interrogar sobre o início do uso habitacional dos jazigos no Cairo.
quinta-feira, 11 de setembro de 2025
E DELE, QUEM NOS SALVA?...
Quando a precipitação do oportunismo se impõe.
É o novo Lucky Luke. Mais rápido que a própria sombra. Mas muito menos inteligente.
quarta-feira, 10 de setembro de 2025
LA COGIDA Y LA MUERTE
Participação sonora numa iniciativa da CDU, em Moura.
Escolhi a primeira parte do Llanto por Ignacio Sánchez Mejías, do grande Federico Garcia Lorca (1898-1936).
Ignacio Sánchez Mejías morreu em Madrid, no dia 13 de agosto de 1934, dois dias depois de ter sido colhido em Manzanares.
MARATONA
Diálogo desportivo na Festa do Avante! com um amigo de Moura:
eu: - Vais estar em Moura no dia xis?
ele: - Não, vou estar em Maratona!
eu: - Turismo?
ele: - Não, vou a correr de Maratona para Atenas.
eu: - Eh pá, não é preciso; no século V a.C. não havia autocarros, mas agora já há; e o bilhete não deve ser caro.
Depois de alguns momentos de boa disposição lá me esclareceu que é a NONA prova da maratona que vai fazer. Minhanossassenhora...
Para quem estiver interessa, aqui ficam os horários do autocarro. Do local da batalha (que teve lugar há precisamente 2515 anos) até à acrópole são 35 quilómetros em linha reta. Terá sido esse o percurso feito pelo mítico Filpíades para anunciar a vitória.
terça-feira, 9 de setembro de 2025
COVA DA MOURA
Aqui se deixa o link do texto de Jakilson Pereira sobre a Cova da Moura:
https://www.abrilabril.pt/nacional/cova-da-moura-e-do-povo
"A Cova da Moura não precisa de planos de demolição mascarados de progresso. Precisa de políticas públicas de habitação para a requalificação urbana, para programas de intervenção no pavimento e nos espaços públicos".
Precisamente. A Cova da Moura precisa de ação política e de coragem política. Vereadoras ao volante de um "caterpillar" fazem tanta falta na política como um cão na missa...
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
AVANTE!
O meu primeiro "Avante!" foi em 1981.Tinha 18 anos e não sabia lá muito o que estudar, nem como nem onde. Andava às aranhas... Politicamente à esquerda, mas sem grande enquadramento.
Ao longo destes mais de 40 anos fui sempre assíduo, mais ainda nests últimos anos. Espero poder celebrar os 50 anos de Festa do Avante!
Se o PCP faz falta? Agora mais que nunca.
domingo, 7 de setembro de 2025
MEDALHA DE INAUGURAÇÃO: O MEU MOMENTO "GUERRA DA GÁLIA"...
sábado, 6 de setembro de 2025
MÁSCARA N°. 29: DUBLIN
Um prato em bronze do século II, que terá vindo de Kildare, 50 quilómetros a sudoeste de Dublin.
A peça está no fantástico Museu de Arqueologia e olha-nos assim.
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
PORQUE SOU COMUNISTA
A sessão de apresentação foi na Casa do Alentejo. Sala a abarrotar. Quem comentou o livro, com o brilhantismo habitual, foi José Pacheco Pereira. Uma apresentação em contraditório, que foi muito estimulante.
O livro está muito bem escrito. Comecemos por aí, que é logo um bom princípio. E tem boas ideias e não é nenhum missal. O que é outro bom princípio. Leitura em fim de semana vermelho.
quinta-feira, 4 de setembro de 2025
3.000.000
Às 11:24 de ontem o blogue atingiu, supostamente (estas coisas têm sempre uma boa margem de dúvida), 3.000.000 de visualizações. Aconteceu isso ao fim de 16 anos, 8 meses, 26 dias, 11 horas e 1 minuto. Dá uma média, supostamente de 490 visualizações diárias.
Isto já vai em mais de 8.000 textos. Tempo perdido? Não, tempo ganho.
Este ano tenho escrito menos. O "smorzando" vai acentuar-se a partir de janeiro. Tudo tem um tempo.
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
EUROPA DE REPRISE
terça-feira, 2 de setembro de 2025
NA PÓVOA DE S. MIGUEL
Domingo, às 19h, na Póvoa de S. Miguel. Sessão de apresentação de candidatos à Freguesia, à Assembleia Municipal e à Câmara Municipal.
A lista da Póvoa é liderada pelo Fábio Garcias. Estou neste combate, convictamente, com ele e com a restante lista.
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE "O INTERIOR"
No verão de 2020 trabalhei no levantamento fotográfico de agências da
Caixa Geral de Depósitos situadas em 156 concelhos (todos os
distritos do Continente, mais as ilhas da Madeira, Faial, Terceira e São
Miguel). Um trabalho intenso, planeado com rigor quase militar. As fachadas dos
edifícios tinham de ter luz plena, o que me obrigava a um esquema rígido. Um
dia comecei às 8h 30 em Viana do Castelo para depois fotografar, sucessivamente,
na Póvoa do Varzim, em Vila do Conde (um “filme” inesquecível, num caótico dia
de feira), em Valongo, em Fafe, em Felgueiras, para ir terminar a jornada em
Anadia. Antes de retornar a Mértola. Fotografar no Funchal foi um blitz:
apanhar o avião às 7h., tomar um táxi para o Lido, fotografar, regressar à
baixa, voltar a fotografar e regressar ao aeroporto para estar em Lisboa antes
da hora de jantar.
Foi um trabalho que me deixou inapagáveis marcas emocionais, e que já
motivaram um texto, neste mesmo jornal. À medida que aquelas jornadas
decorriam, aumentava a minha perplexidade sobre a palavra “interior”. É difícil
dizer que Portugal tem “interior” quando os concelhos mais afastados do
litoral, como Idanha-a-Nova, por exemplo, estão a pouco mais de 200 quilómetros
de Lisboa ou do Porto. Mas é fácil pensar em “interior” quando vamos a
Castanheira de Pera, a 30 quilómetros de Coimbra, ou a Ferreira do Zêzere, a
pouco mais de 100 quilómetros da capital, e é como se tivéssemos mergulhado
noutra dimensão.
Agora
que o País esteve em chamas, lá veio a ladainha do “interior” e do apoio ao
“interior”. Esquecemo-nos que o País está em chamas porque já não há gente
jovem e cada vez menos se cuida dos campos, nesses territórios remotos. O concelho mais “interior”
que ganhou população, nos últimos censos, é Vila Nova da Barquinha (Santarém),
que está a 60 quilómetros da costa. Para dentro, é a desolação. Não há gente,
porque o Poder Central abandonou vastas faixas do território à sua sorte.
Quando vêm inaugurar feiras, lá vem a revoada de banalidades elogiosas aos
autarcas, ao esforço das populações, à autenticidade do país real. “It kills
me”, como dizia o personagem de “Catcher in the rye”, quando elogiam a
autenticidade. Parece que estão em visita a uma reserva de criaturas exóticas.
O esforço dos Municípios não chega. É claro que estes têm de ter vistas
largas. Não podem comprometer o futuro com festas e festarolas, foguetes e
concertos. Em tempos (2013-2017) integrei o Conselho Nacional do Ambiente. Um
dia, irritado com tanta basófia, disse ao ministro de turno que dava um certo
jeito os governantes lerem dois livros que nos ajudam a enquadrar a realidade
atual: “A estrutura da antiga sociedade portuguesa”, de Vitorino Magalhães
Godinho, e “Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico”, de Orlando Ribeiro.
Respondeu, petulante, “é claro que já li os dois”. Não me pareceu que lhe tenha
servido de muito a eventual leitura…
Vamos estando assim, em periferias envelhecidas – não tarda muito também contribuirei para isso –, das quais se lembram de tempos a tempos e da quais se esquecem, na primeira curva da estrada, na hora do regresso.
Crónica em "A Planície"



