Todos os anos, por esta altura, o semanário Expresso oferece aos leitores um mapa de Portugal patrocinado pela OPTIMUS. Más-línguas dizem que o mapa é pessimus, um trocadilho fácil e de gosto duvidoso. A oferta é profundamente borgesiana, e que ninguém tente convencer-me do contrário. Duvido que Jorge Luís Borges usasse mapas de estradas ou tivesse sequer, por razões evidentes, tirado uma carta de condução. Mas teria gostado de saber da existência deste mapa. Nele abundam povoações que não existem ou simples montes alentejanos que foram promovidos à categoria de vilas. Perdemo-nos num labirinto de incertezas, viajamos por entre sítios que nunca nasceram. Um breve exemplo: caminho entre Vales Mortos e Aldeia Nova de S. Bento tem duas grandes povoações pelo meio - Venda Cruz da Cigana e Cruzeuiro -, pelas quais passo todas as semanas sem as ver. O conto Tlon, Uqbar e Orbis Tertius, escrito por Borges há muitos anos tem agora neste mapa um digno sucessor. E ganhamos uma certeza: há mundos que existem e não vemos, há realidades fantásticas que estão para lá do nosso conhecimento.
Obrigado Expresso! Obrigado Optimus!
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