quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

AI MUITO ME TARDA O MEU AMIGO NA GUARDA

Os projectos foram despachados depressa? Ou mesmo muito depressa? Não me parece que o problema esteja aí. Oxalá se conseguisse que em todos os sítios os projectos fossem despachados muito, mas mesmo muito, depressa. A questão crucial nos projectos atribuídos a Sócrates é saber quem, de facto, os fez. Das três uma: 1) era ele o autor e ponto final; 2) há dúvidas na autoria e, nesse caso, estamos perante um daqueles problemas de atribuição, como sucede em tantas pinturas da Idade Média (será que podemos dizer "obra atribuída à Escola de José Sócrates"?); 3) Houve batota ou, no mínimo, balbúrdia (a somar ao nevoeiro que envolve a sua licenciatura).
E, no entanto, o pior é mesmo a "arquitectura" produzida pelo PM (a imagem foi tomada de empréstimo no "31 da armada"). Que revela todo um estilo, todo um gosto, toda uma cultura. É o pato-bravismo em toda a sua elegância e magnificência, o labreguismo arquitectónico em toda a sua máxima extensão. Sócrates é um homem com sorte. A ofensa estética não dá prisão nem, sequer, uma simples multa. Sorte a dele. Azar o nosso.
Como nem tudo em mau na Guarda aqui fica um poema que a professora de literatura do 10º ano nos lia, com uma voz doce e pausada, e que fez mais pelo gosto de todos nós pelos textos que todos os conteúdos concebidos pelos nossos educocratas.
Ai eu coitada! Como vivo
en gran cuidado por meu amigo
que ei alongado! Muito me tarda
o meu amigo na Guarda!
e
Ai eu coitada! Como vivo
en gran desejo por meu amigo
que tarda e non vejo! Muito me tarda
o meu amigo na Guarda!

Cantiga de amigo atribuída a D. Sancho I

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