Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.
É possivel "ilustrar" um soneto com imagens? Para mais, quando estamos perante um dos mais belos que Luís de Camões produziu? Provavelmente não.
A imagem destas tulipas, do fotógrafo Robert Mapplethorpe (1946-1989), apenas faz companhia ao soneto de Camões porque também ela transborda de lirismo e sensualidade.
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