segunda-feira, 11 de maio de 2009

LONGE

Tudo me diz que estou longe
Mas não é verdade!
O deserto sempre foi o lugar
Da minha infância!
Por isso, na direcção dos oásis
Saboreio o silêncio.
Procuro uma romã que supere
As palavras em doçura
E claridade. Não estou longe!
Esta poeira é envolvente!
.
De tão cru, o sol apaga lembranças
E germina esquecimentos.
O meu destino, são os incontáveis
Grãos que semeiam o Nada.
Este horizonte infinito de ilusões
O céu de areia de certas tardes.
.
Estou longe, dizem-me alguns
Sinais. Mas é tão perto, a minha
Casa. Poema futuro, luminosa
Oliveira. manhã desejada!

Tozeur 11.11.1996

Longe está no livro Cadernos de areia, do poeta e antropólogo Luís Maçarico (n. 1952). É uma obra que tem a data de 2008 mas que vai, e ainda bem, ser relançada no dia 21 de Maio, durante a jornada de abertura do 5º Festival Islâmico, em Mértola.



O autor da fotografia é Raymond Depardon (n. 1942), viajante infatigável. Algumas das suas deambulações levaram-no ao coração negro de África.

O programa do 5º Festival Islâmico está disponível na página web da Câmara Municipal de Mértola: www.cm-mertola.pt.

8 comentários:

Anónimo disse...

Ao dar uma vista de olhos pelo blog..dá-me s sensacão que... para o Santiago Macias tudo o que toca em relacção ao Continente Africano é para o arqueólogo sintoma de história e nostalgia ,será que me engano?

Santiago Macias disse...

Nem só história, nem só nostalgia. É certo que prefiro o calor ao frio e as cidades do sul às do norte. Alguém escreveu em tempos no "Público" que África é suja, violenta e doente. Talvez, mas tem, como o Mediterrâneo, uma particular vibração. Mas conheço a Europa do Norte, mas o que conheço acho aborrecidíssimo...

armandina maia disse...

Concordo com vibração, como reiteração de uma coisa esquecida por (quase) todos. o que, para quem é arqueólogo, é sempre uma seta atravessada no coração. Eu sinto o mesmo em relação às literaturas "africanas", em que o exotismo predomina, com reidificação permanente dos mesmos mitos(?). E há tanto para ver...
Armandina

http://barrigadealuguer-mam.blogspot.com/

Anónimo disse...

Lembra-me Lawrence of Arabia

Santiago Macias disse...

É verdade, mas confesso que isso não me passou pela cabeça no momento da escolha. Talvez de forma inconsciente...

Rui Pinto disse...

nimo disse...
Lembra-me Lawrence of Arabia


Opps! Não me identifiquei

Rui Pinto

Abraço

oasis dossonhos disse...

Como não tive acesso durante alguns dias ao meu portátil que ficou em casa e vi apressadamente o email (apenas),venho agora agradecer esta chamada de atenção. Devo dizer que foi um momento intenso,com público anónimo e amigos como o Miguel Rego que me pôs muito comovido com o belíssimo texto, profundo até ao âmago, com que me brindou. Devo também ao Paulo Barriga a possibilidade de ter reapresentado o livro através da leitura de alguns versos, com o Eduardo Ramos e António Baeta (que disse um poema.Mértola foi na semana que passou, um bálsamo.
Abraço
Luís

Dinis e Mom disse...

Não queria deixar de partilhar um sorriso:
É um espanto e duma beleza certeira ou não...?:)
Cumprimentos daqui para ambos.
Que Mértola brilhe em magia ainda mais um bocadinho com a vossa competencia!
Obrigada.