terça-feira, 29 de junho de 2010

SONETO

Tanto de meu estado me acho incerto,

Que em vivo ardor tremendo estou de frio;

Sem causa, juntamente choro e rio,

O mundo todo abarco, e nada aperto.

.

É tudo quanto sinto um desconcerto:

Da alma um fogo me sai, da vista um rio;

Agora espero, agora desconfio;

Agora desvario, agora acerto.

.

Estando em terra, chego ao céu voando;

Num' hora acho mil anos, e é de jeito

Que em mil anos não posso achar um' hora.

.

Se me pergunta alguém porque assim ando,

Respondo que não sei; porém suspeito

Que só porque vos vi, minha Senhora.

.

Camões e Mapplethorpe. Para os que gostam de sonetos e do lirismo do grande poeta. E de fotografias não menos líricas. Já é a segunda vez que associo estes dois autores, porque um e outro fazem parte de realidades apaixonadas.

Sem comentários: