quinta-feira, 12 de abril de 2012

ARQUITETURA NEO-ISLÂMICA

A Praça Nova, no Castelo de S. Jorge, é ponto de paragem obrigatória para os meus alunos. Porque o sítio tem uma história longa e porque a intervenção de reabilitação merece ser vista, pensada e discutida. O que se descobriu e integrou? Estruturas de três épocas (Idade do Ferro, Época Islâmica e Baixa Idade Média). Como se protegeram essas estruturas? Criando proteções de grande dimensão e de desenho bem visível.

As casas islâmicas, ainda que de grande dimensão, têm um padrão comum a tantas outras da Península Ibérica: um pátio central e compartimentos que se desenvolvem a partir daí. Falta informação para o visitante não especialista, mas o problema principal não me parece que esteja aí: 1) vemos mais a intervenção contemporânea que os vestígios arquitetónicos do século XII em si; 2) o pé-direito das casas parece-me francamente exagerado face ao que conhecemos.

A que propósito vem este arrazoado?

É que se prepara, no castelo de Mértola, a reconstituição integral de uma das casas escavadas: a nº 10, que conheço muito bem e em cuja escavação trabalhei, já lá vão mais de dez anos. Tenho as maiores dúvidas quanto à razoabilidade do projeto. Ao contrário do que acontece na Praça Nova, cuja escala permite que a nova intervenção se dilua, a de Mértola vai ficar bem visível e isolada no meio da escavação. E em clara colisão com as estruturas de proteção dos monumentos da Antiguidade Tardia.

Votei vencido neste dossiê. Vencido, mas não convencido. Muito menos silencioso.

Reconstituição da volumetria das casas islâmicas
(Castelo de S. Jorge, Lisboa)

1 comentário:

Curioso disse...

Isso lembra-me uma obra lá para a Praça, em Moura... Nem vou dizer mais!! hehe