quinta-feira, 19 de abril de 2012

NATUREZA MORTA Nº 5


De um jogador brasileiro
a um técnico espanhol

Não é a bola alguma carta
que se leva de casa em casa:

é antes telegrama que vai
de onde o atiram ao onde cai.

Parado, o brasileiro a faz
ir onde há-de, sem leva e traz;

com aritméticas de circo
ele a faz ir onde é preciso;

em telegrama, que é sem tempo
ele a faz ir ao mais extremo.

Não corre: ele sabe que a bola,
Telegrama, mais que corre voa.


Porquê a natureza morta verde de Picasso (1914)? Porquê o poema do grande João Cabral de Mello Neto? Porque hoje é dia verde no futebol. E mesmo um benfiquista empedernido (eu) quer que o Sporting ganhe.

Coisa interessante, os escritores e os poetas brasileiros nunca tiveram complexos em declarar o seu amor ao futebol. Já deste lado do Atlântico, a intelectualidade vê a bola como coisa de casca-grossa. E só pode escrever-se sobre futebol se o título for algo como "Hermenêutica do futebol". No mínimo, algo assim.

2 comentários:

Lucrecia disse...

Até mesmo eu que entendo nada, me deixo levar pela emoção e as vezes tenho ciúme dessa "gorduchinha" que afasta meu moreno de mim por algumas horas no domingo. Mas tudo bem! Futebol é sagrado. Todos o amamos.Cada um a sua maneira.

Dulcineia disse...

A intelectualidade so gosta de bolas pequenas : de golf, de ténis, de squash, de...baseball !? : ))