Estação de Oeiras - cerca das 15 horas de ontem.
Um homem está sentado ao a meio da carruagem, junto à janela. Entra uma senhora negra, na casa dos 40. Era uma mulher bonita. Não espampanante, nem vistosa. Só bonita e de ar discreto. Senta-se ao lado do homem. O qual parece acordar do torpor que o fazia, há minutos, olhar para a chuva lá fora. Levanta-se, como se tivesse sido empurrado por uma mola, com um ar incomodado. Cruza a carruagem na minha direção. Sai em direção à carruagem seguinte. A mulher segue-o com o olhar. Deu-se conta da "motivação". Daí a minutos, o mesmo indivíduo volta. Volta a percorrer a carruagem sem se sentar. A mulher volta a olhá-lo, mantendo a mesma expressão, a meio caminho entre a tristeza e o desprezo. Nenhum deles se dá conta que me apercebi do que se passou.
Não aconteceu na África do Sul do apartheid. Foi ontem, a meio da tarde. Quando cheguei ao local de trabalho, comentaram "ai, o Santiago hoje está muito sério...". Pois, devia estar.
África do Sul, em 1990. A imposição de autocarros separados terminara semanas antes.
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