Por detrás do marco do correio está um edifício projetado por António Reis Camelo e, depois, muito alterado por Cândido Palma de Melo. Fica em Tomar, na esquina da Rua de S. João com a Rua Infantaria 15. À frente do edifício fica a majestade da igreja de S. João Batista e, um pouco mais ao fundo, a Câmara Municipal.
Enquanto resmungava baixinho "contra" a luz cinza da tarde ("400 ASA, a 125 e abertura de 11, deve ficar lindo...") e esperava que não houvesse ninguém em frente do edifício, apareceu o carro dos CTT. Vinha recolher o correio. O funcionário abriu o marco e recolheu 1 (uma) carta. Longe vão os tempos em que o sr. Ludgero abria o marco em frente ao tribunal de Moura e quase enchia aqueles fantásticos sacos em couro que os carteiros então (então é igual a 1972 ou 1973) usavam.
Tentei recordar há quanto tempo não escrevo uma carta e não consegui lembrar-me. Não cabem aqui as cartas para o Departamento da Faculdade, para as Finanças etc. Mas uma carta mesmo, daquelas "nós por cá todos bem", não sei há quanto tempo não mando. Quase me passou um sentimento de culpa ante o ar resignado do carteiro. Eram 16:05.
Resmunguei mais um pouco, antes de rumar a Constância. Pelo caminho dei comigo a lembrar-me de uma velha canção de Alberto Ribeiro. Um grande cantor, tão esquecido como as cartas e como, em breve, os marcos do correio.
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