quarta-feira, 31 de março de 2021

MEU CARO ANDRÉ LINHAS ROXAS

Conheço a tua integridade e sei, que ao contrário de outros, cumprirás as promessas. Não dirás que vais abrir o futuro para depois o fechares a sete chaves. Lembro-me, muitas vezes, de um poema de Sophia que começa com esta frase: “o primeiro tema da reflexão grega é a justiça”. É esse sentido de justiça e de devolução da dignidade às coisas mais simples que de ti se espera. E que, com a simplicidade dos Homens Bons, irás cumprir.

 

Há uma velha “lei” que diz que as verdadeiras, talvez únicas, amizades são as dos tempos de infância ou de juventude. Que nessa altura somos amigos mesmo, porque a entrega é total e porque não há jogos na amizade. A outra face da lei diz que as amizades na idade adulta são sempre instrumentais. Que há sempre uma segunda intenção. Sabes que mais? Essa lei é uma perfeita nulidade. Várias vezes o tenho constatado.

 

Travámos conhecimento apenas em 2010. Foste para a Câmara de Moura, assumir uma chefia de divisão difícil. Rapidamente nos entendemos, porque os princípios de trabalho eram simples: cumprir o que se prometera, dar a cara, trabalhar para os munícipes, ir aos locais onde havia problemas, ter disponibilidade total para ir ao encontro das pessoas. Dar o peito às balas. Mais que conhecer leis de fio a pavio e desenhar fluxogramas e enunciar sonolentos termos de referência, estavas preocupado com as pessoas e em resolver os seus problemas. Com competência e com conhecimento, mas sem petulância. Sem truques nem jogadas. A matriz era excelente. Os nomes de Rodrigo e de Luís José, de Rosa, de Maria da Conceição e de Helena ressoavam. Eu só pensava “com aquele ADN, não pode falhar”.

 

Ficámos amigos. Uma relação de proximidade que o tempo fortaleceu. Depois de 2017, deixámos de privar tanto. Ficaste em Moura, eu rumei a Lisboa. Mas houve uma atitude decisiva, que revela o teu caráter. Nos momentos mais difíceis politicamente disseste “presente!”. Não te refugiaste em pretextos nem desapareceste detrás daquela desculpa clássica do “tenho muito que fazer”. A partir de certa altura, tornou-se-me claro “o André vai ser o próximo candidato da CDU e o próximo Presidente da Câmara”. Várias vezes to disse, no último ano, quando já toda a gente o tinha percebido.

 

E achei que isso seria excelente por dois motivos, relacionados entre si. Primeiro pela qualidade técnica e política essencial ao cargo. Coisa que não tem havido, nos últimos três anos. Depois, e talvez mais importante ainda, pela qualidade humana que é decisiva. No outro dia alguém me dizia, em tom meio crítico, que eras demasiado boa pessoa para aquele cargo. Perguntei, rindo, se era alguma piada que me estava a ser dirigida. E respondi depois que, pelo contrário, precisamos de quem tenha bom íntimo e seja boa pessoa, porque o exercício da política não é, não pode ser, velhacaria, promessas e “preocupação” com as pessoas apenas nas campanhas. Fazer política num concelho não é aparecer nas freguesias apenas nas campanhas eleitorais e bem sei como te mantiveste presente nestes quatro anos. E tu és a alternativa de que Moura precisa. Para não termos obras só em ano de eleições, para não termos chuvas de protocolos sem consequência, para não termos promessas só para o facebook. Tenho a certeza de que os teus compromissos para com os eleitores serão sagrados.

 

Esta carta é uma carta de apoio. Inequívoco, claro e total. Para ti e para a tua equipa. Aí estarei para dizer “presente!”. Aí estarei na tua tomada de posse como Presidente da Câmara. Talvez por isso, pela amizade e pela convicção, me tenha lembrado de O’Neill. Que te dedico: “Amigo” é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim, /Um espaço útil, um tempo fértil, «Amigo» vai ser, é já uma grande festa!”.


Crónica em "A Planície"












No Sobral, há algum tempo.

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