segunda-feira, 12 de março de 2012

MORTE E VIDA DA NACIONAL 1 - SUBSÍDIOS PARA UM ESTUDO DE ANTROPOLOGIA AUTOMOBILÍSTICA

Em tempos que já lá vão passava-se por dentro de Coimbra. E por dentro de Águeda. Ir de Lisboa ao Porto de carro era uma aventura que implicava a montagem de uma logística. E recarregar as baterias com uma dose suplementar de paciência.

Os dinheiros da Europa acabaram com isso. A A1 levou a um quase abandono da velha estrada, cujas margens eram um centro comercial ao ar livre, onde quase tudo se podia comprar, no meio de um caos de vivendas, de passagens de peões, de semáforos e de retas perigosíssimas.

A subida vertiginosa das portagens é a segunda vida da velha Nacional 1. Hoje, saí em Leiria e fiz o caminho pela estrada antiga. Podia dar-me para pior... Um verdadeiro regresso ao passado, por entre pesados, BMW que mudaram de via mas não de velocidade, paragens sem aviso prévio e as inevitáveis casas de sandes.

Quando passei a Condeixa olhei o retrovisor: a caravana de ligeiros e de pesados perdia-se no horizonte. Voltámos, depois de anos de ilusão aos velhos hábitos. E aquilo que efetivamente somos. A Nacional 1 é o espelho de todos nós.


3 comentários:

Lucrecia disse...

Todos sofremos com as estradas.Mas há neste segundo parágrafo do texto algo, infelizmente, muito familiar em algumas (além das estradas) avenidas da minha cidade Recife, que hoje completa 475 anos. ..."cujas margens eram um centro comercial ao ar livre, onde quase tudo se podia comprar, no meio de um caos de vivendas, de passagens de peões, de semáforos e de retas perigosíssimas."

Anónimo disse...

Não demora muito para voltarmos à prática do contrabando de bananas e bacalhau, televisões a cores etc. E que a RTP faça uma novela a mostrar os queques bem à rasca para se manterem queques. E haver um senhor que vá fazer a rodagem ao carro à Figueira da Foz, acompanhado da esposa claro está.

Lucrecia disse...

Adorei o comentário de Anônimo"Não demora...". Legal!