quinta-feira, 11 de outubro de 2012

UGETSU MONOGATARI

O nome mais comum é "Contos da Lua Vaga". O filme completa 60 anos em 2013, mas ainda não tem rugas. Não sei se filmes destes, com planos longos e esteticamente depurados, hoje são possíveis. Mas eram possíveis em 1953. Ainda o são, de algum modo, no cinema que consegue escapar às lógicas estritamente comerciais. Não consigo explicar o tremendo impacto que esta obra teve em mim, quando a vi na RTP2, há muitos anos (sim, isso acontecia e ainda acontece, e deixará de acontecer quando o analfabeto do relvas conseguir fazer vingar o seu esquema).

Percebi, ao longo desse já muito distante primeiro visionamento, que as imagens podem, em si mesmas, ser poéticas, dispensando, com frequência as palavras. A cena final é poderosa, com a imagem de permanente renovação que vida e morte comportam. A obra de Kenji Mizoguchi é a minha referência cinéfila da semana.

2 comentários:

Lucrecia disse...

Lindo!

R. Vieira disse...

Bom post! Também eu descobri - literalmente - o cinema de Mizoguchi e a sua estética depurada graças à RTP 2, em tempos há muito idos (na era A.I., antes da internet), quando era impossível a um rapaz nascido na província ter acesso a sessões de cineclube e também porque as probabilidades de tais referências irem parar aos clubes de vídeo locais eram inferiores às de conseguir captar uma imagem do Nessie a bater uma sorna nas margens do seu loch...

É por estas e por outras que sempre que ouço falar do todo poderoso ministro das negociatas, sinto uma raiva que até me faz dor de cabeça... Analfabeto é adjectivo cortês para tão nefasto ser, mas não deixa por isso de ser apropriado, conhecendo-se a sua ilustre carreira académica e intelectual. Bom, imagino que esteja bem acompanhado nesse campo entre os seus colegas de executivo...

Um abraço de alguém que também irá ter saudades da 2