quarta-feira, 8 de outubro de 2014

BOSRA

Recebo, regularmente, informações da arqueologia na Síria através de um grupo no facebook. Mantenho contactos com dois colegas e amigos daquele país: Samer Abdel-Ghafour (hoje a viver em Roma) e Haytham Hasan (atual diretor de Monumentos e Antiguidades da Síria). Conheci-os em circunstâncias bem diversas. Fui colega do Samer no projeto Discover Islamic Art. Um pândego, cuja descontração tirava do sério a severa Eva Schubert, a austríaca que dirigia o projeto. O Haytham andava a preparar o doutoramento em Paris, onde me cruzei com ele várias vezes. Reencontrei-o na escavação de Masyaf, a curta distância de Hama. Uma tarde fraterna, com um almoço de fidaws e chá à mistura.   Aconselhou-me a visitar Bosra. Os sítios romanos não eram o meu primeiro objetivo e não tinha pensado incluir a cidade no meu roteiro. Não ter ido a Bosra, já perto da fronteira jordana, teria sido um perfeito disparate.

A cidade romana "vive" no meio de um quase bairro de lata. O sítio vive em permanente reciclagem e reutilização. Um aproveitamento de uma realidade anterior, fora de todas as normas, um pouco como constataria, anos mais tarde, em Bamako. No meio de Bosra pontifica o teatro, um monumento imponente transformado em fortaleza na Idade Média. A Arte, o Caos, a Arquitetura, a Decadência, numa simbiose que não voltei a ver.

A minha paixão por Bosra, e pela Síria, mantém-se intacta, todos estes anos volvidos. "Agravada" pela quase certeza que lá não voltarei...

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