sábado, 30 de abril de 2016

TEM A PALAVRA O SR. JOSÉ PRESCINDO

A reunião já ia longa e as intervenções, maioritariamente inúteis, sucediam-se. Um dia inteiro numa sala, ainda para mais com o mar à vista, era tortura violenta. Há quem ache aquelas coisas fundamentais. Deve escapar-me algo, escapa seguramente, mas tenho aquele tipo de encontros como o epítome do tédio. Há, contudo, momentos que me fazem hesitar em tão radical apreciação. Pelo motivo que se segue.

A dada altura, quem dirigia os trabalhos anunciou:
- Tem de seguida a palavra o sr. José Marreiros.
O visado disse, alto e bom som:
- Prescindo.
O speaker, amavelmente, corrigiu:
- Peço desculpa, tem a palavra o sr. José Prescindo.

O resto das palavras foi abafado pelas gargalhadas dos presentes. Ainda hoje me resta a dúvida se foi lapso mesmo ou um modo de animar a sala e abreviar a sessão.


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