terça-feira, 12 de abril de 2016

UMA CIDADE E O SEU MUSEU: 18/20 - MADRID

Talvez o meu primeiro museu tenha sido o Prado. Ficava a curta distância da casa da avó Luzia e era sítio de peregrinação regular. Confesso que achava aquilo uma estucha, mas quem tem cinco ou seis anos não tem direito a voto. Mal sabia eu o que o futuro me iria reservar...

Em todo o caso, o que me causou mais impacto foi, decididamente, o Museo Arqueológico Nacional, onde estive pela primeira vez em janeiro de 1987. Enquanto o meu amigo Juan Zozaya foi subdirector da instituição visitava-o com alguma regularidade, nos tempos em que a minha vida mertolense estava a começar. Recordo que o meu castelhano com forte sotaque (muito diferente do puro andaluz do meu pai) causava surpresa ao contínuo que me atendia. Fui brindado com a pergunta "es usted argentino?" (duas vezes) e "es usted paraguaio?" (uma vez). O senhor teria tão fraco ouvido como má memória...

Recordo a grande surpresa que tive com a rica e diversificada coleção do MAN. E retenho, com clareza, a confirmada paixão que senti pela arte islâmica e pelos ambientes paradisíacos que retratava. Como nos cofres em marfim, que nunca me cansarei de admirar.

Uma coisa eu sei, hoje. Madrid não seria a mesma cidade sem este belo e luminoso museu.

Site: http://www.man.es/man/home.html


De uma coisa tenho a certeza. Sem este envolvimento, nunca Ibn Hazm teria escrito o seu El collar de la paloma... Tenha-se em atenção o lirismo deste excerto:

Es una virgen a quien el Misericordioso hizo de luz,
y cuya belleza sobrepasa toda estimación.
Si el día del juicio y del sonar de la trompeta
mis hechos tuviesen tan bella figura,
sería el más feliz de todos los siervos de Dios
en el paraíso y en el trato de las vírgenes huríes.

(trad. Emilio García Gómez)

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