sábado, 16 de abril de 2016

COISAS POR RESOLVER

Há sempre, haverá sempre, coisas por resolver. Isso mesmo referi no passado dia 9, durante a apresentação do livro “Castelo de Moura – escavações arqueológicas”. Recordei, de forma breve, as intervenções realizadas em anos recentes (de 2008 a 2015, em especial) e que resultaram num número substancial de trabalhos de reabilitação. A cidade ganhou e ficou diferente? Decerto que sim.

O Centro de Joalharia Alberto Gordilho, a renovação da Mouraria, a igreja do Espírito Santo, o novo Posto de Turismo, o Pátio dos Rolins, a igreja de S. Francisco, os Quartéis, o antigo Matadouro, a sala de exposições na Torre de Menagem fizeram e fazem parte de uma plano de intervenção, levado a cabo de forma convicta. Se o presente nos dá razão quanto a estas matérias, o futuro mais razão nos dará.

Que intervenções de fundo temos, na cidade, por resolver? Duas, neste domínio: os conventos do Carmo e do Castelo. Retomo, quase “ipsis verbis”, um texto publicado há meses e que continua, infelizmente, bem atual.

Porque não avança o Convento do Carmo? Porque não se conseguiu ainda arranjar a parceria para o fazer. E porque os valores envolvidos – a reconversão em unidade hoteleira, por exemplo, não é possível por menos de 5/6 milhões de euros – são significativos. Numa altura de retração do investimento, mais difícil a tarefa se torna.

O Convento do Carmo vai ser um hotel? Pode ser uma das possibilidades, mas não a única. Depois de cometida a inacreditável estupidez de se ter de lá tirado o centro de saúde, é preciso adequar o espaço a novas funções. Por favor, poupem-me a modelos de gestão do género “centro cultural”, “universidade”, “museu”, etc.. Façam-se contas, veja-se o País em que vivemos e calculem-se custos de manutenção antes de se fazerem propostas disparatadas.

Reabilitar o Convento do Castelo  é uma necessidade? É verdade. Então porque não se reabilita? Primeiro, porque o trabalho de reforço das estruturas foi feito há cerca de seis anos e orçou em quase 500.000 euros (financiamento governamental: zero); depois, porque é necessário desenvolver um projeto para o imóvel, encontrando-lhe um uso adequado e financiando as suas obras. Com tantas obras a decorrer e com a especificidade desta intervenção, isso não seria possível. Os valores não serão inferiores a 3 milhões de euros. E recordemos que antes disto está a recuperação do antigo Grémio da Lavoura, que defendo como a próxima grande intervenção (com financiamento previsto numa “coisa” chamada PEDU).

São tarefas fáceis? Não são. Por isso mesmo se tornam mais interessantes e o desafio é maior. Por isso mesmo nos empenhamos nestes projetos.

Há propostas concretas e fundamentadas (não me refiro a sugestões e hipóteses) para o Convento do Carmo ou para o Convento do Castelo? Venham de lá elas. Se forem viáveis não haverá um segundo de hesitação.

O interior do País foi deixado à sua sorte. Cabe-nos, por isso, lutar por soluções. De forma determinada e com conhecimento de causa. Entre outras coisas, porque estas tarefas não podem ficar à mercê de amadorismos e de especialistas de fim de semana.


Texto publicado hoje, em "A Planície". A tela de Leonardo Coccorante (1680-1750), hoje no Honolulu Museum of Art, mostra bem o conceito romântico da "ruína".

1 comentário:

Portugalredecouvertes disse...


Que não se deixe perder a história através dos testemunhos dos monumentos
bom fim de semana
Angela