Esta é a minha Salúquia, a minha Salúquia natalícia. Não aquela onde moro, de forma intermitente, há mais de 50 anos. Mas a outra, da qual temos memória histórica.
Eis de como de uma aiveca se faz uma peça bela e surpreendente.
Julgo que o soneto O dia em que nasci moura e pereça se adequa ao destino trágico da lendária alcaidessa.
O dia em que nasci moura e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar;
Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o Sol padeça.
A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça,
Mostre o Mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas, de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!
Sem comentários:
Enviar um comentário