Ontem à noite, ao regressar à Câmara, o cenário preparado para a casinha do Pai Natal pareceu-me ainda mais bonito. As renas são esculturas absolutamente notáveis, feitas com muito pouco e muito boa vontade e empenho.
Coisas simples e bonitas, longe das músicas dos sininhos e daquele chingalingalinga enervante. Coisas de Natal.
Último Poema
É Natal, nunca estive tão só.
Nem sequer neva como nos versos
do Pessoa ou nos bosques
da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr
entre o fulgor dos cravos
e os dióspiros ardendo na sombra.
Quem assim tem o verão
dentro de casa
não devia queixar-se de estar só,
não devia.
Nem sequer neva como nos versos
do Pessoa ou nos bosques
da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr
entre o fulgor dos cravos
e os dióspiros ardendo na sombra.
Quem assim tem o verão
dentro de casa
não devia queixar-se de estar só,
não devia.
Eugénio de Andrade (1923-2005)
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