terça-feira, 21 de novembro de 2017

HINO A APOLO



Deus do áureo arco, auriarqueiro,
Com áureos cachos e áurea lira,
Senhor das Musas no áureo outeiro,
Das áureas chamas na áurea pira,
Cavaleiro
Do ano inteiro,
Onde dormia a tua ira
Quando tolo abusei da minha sorte
Vestindo-me na glória
Da láurea de tua história
Ou mereci o descaso até da morte?
Ó Délfico Apolo!

Troava o troante, troava,
Fremia o troante, fremia,
O dorso da águia se encrespava,
Calado em fúria – e mal se via
O trovão
Vindo ao chão,
Retido pela melodia.
Por que poupaste semelhante verme,
Tocando um alaúde
Até a quietude?
Por que não me esmagaste, um reles germe?
Ó Délfico Apolo!

As plêiades, vígeis no polo,
Ouviam a muda monção.
Sementes, raízes no solo
Cresciam no ardor de verão.
O oceano em
Velho plano
Labutava quando quem não
Ousou cingir, herege, em torno à fronte
Teu louro, insanamente,
Achando-se imponente,
E agora vem curvar-se a ti defronte?
Ó Délfico Apolo!

John Keats (1795-1821)

Preferi usar esta tradução, de um professor de literatura (Leonardo Antuness), ao original, que não é de leitura fácil.  Traduttore, traditore? Talvez, mas esta solução pareceu-me preferível. O poema é muito melhor que a fotografia, em todo o caso. Fui recuperá-la em mais um CD esquecido... A arqueologia da vida recente prossegue.

Estátuas no Pergamonmuseum, em Berlim. A fotografia deve datar de 2004.

Sem comentários: