A jovem amiga a quem sugeri uma ida à praia olhou para mim como se eu precisasse de ser internado com urgência. Faz frio e chicoteia-nos o vento do norte. Fomos e foi agradável a tarde fria com uma luz mais limpa do que imaginaria. O azul trasnlúcido das telas de Salomon van Ruysdael (1602-1670) e de Willem van de Velde (1611-1693) apareceu inteiro, à minha frente. Há ondas. Lembro-me do poema de Martim Codax, mas prefiro usar outro, de Ricardo Reis.
Uma Após Uma as Ondas Apressadas
Uma Após Uma
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.
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