quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O QUERIDO CASTELO ONDE NASCI...

Ontem foi Dia dos Castelos.

Não nasci no Castelo de Moura, bem entendido. Mas parte da minha carreira profissional esteve/está ligada aquele sítio. De certo modo, "nasci ali". Conheço bem o castelo, do ponto de vista da História e da Arqueologia. E lá levarei os meus alunos do Mestrado em Património, da Universidade Nova de Lisboa, na próxima primavera. É sempre com inescapável emoção que ali vou. Assim será sempre.

Há peças das várias escavações realizadas em Moura que estarão, em breve, numa grande exposição, no Museu Nacional de Arte Antiga. Como comissário científico de "Guerreiros e Mártires" escolhi-as, sem bairrismo bacocos. A importância patrimonial do sítio justifica a seleção.

Em 1989 comecei as escavações arqueológicas no Castelo de Moura. Foi um trabalho que foi sendo (dês)continuado: 1990 / 2002 / 2003 / 2004 / 2005 / 2007 / 2008 / 2010 / 2011 / 2012 / 2013 / 2017 / 2018 / 2019. Primeiro a solo, depois com Vanessa Gaspar, mais tarde também com José Gonçalo Valente. Um processo longo e com resultados palpáveis. Foi publicada uma memória de escavação, disponível online. Em 2012 abriu ao público a Torre de Menagem. Um projeto iniciado em 1989 e cuja evolução dava um romance. Depois, em 2013, foi a vez do posto de turismo. As escavações continuaram. A investigação prossegue. A divulgação do sítio também.

Sigo sempre com grande interesse estes temas. Continuo a defender - isso mesmo digo aos alunos - o primado das infraestruturas e do trabalho aprofundado e consequente. Transformar o Património em animação folclórica dá fotografias e umas coisas bacocas no facebook. Mas não cria valor acrescentado.

No meio disto, vem-me sempre à memória a ária Al dolce guidami. Anna Netrebko canta-a de forma emotiva. Sinal dos tempos e do correr do tempo. Não me passaria pela cabeça, em 1989, dizer que gostava desta ópera. Agora sim. Mas já passaram 31 anos.

Dentro de dias será apresentado um livro sobre Moura. Há outros em preparação.



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