segunda-feira, 30 de novembro de 2020

LISBOA CINZA

Ninguém na Avenida Lusíada, quase ninguém no Campo Pequeno. A cidade esteve deserta e estranhamente silenciosa. Parecia um cidade antiga, saída de outros tempos. De repente, alguém me vem lembrar que Fernando Pessoa desapareceu há 85 anos. A cinza da tarde fez-se noite. A cidade branca é agora uma miragem de filme.

Cai chuva do céu cinzento

Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não,
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.



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