Quando é que estamos velhos? Não me refiro ao bilhete de identidade, mas sim à nossa capacidade de intervir na sociedade. Um político com 70 ou 80 anos está na idade de se reformar? De arrumar as botas e de se "meter em casa"? Não necessariamente. Nem de perto, nem de longe.
Recordo com muita nitidez a imagem de Tierno Galván, alcaide de Madrid, bebendo copos nas discotecas e impulsionando a movida da sua cidade, aos 61 anos. Tal como me lembro muito bem de um exultante Sandro Pertini, com 84 anos, na final do Mundial de 1982, aos saltos na bancada, festejando a vitória de Itália sobre a. Alemanha.
Há mais? Há mais.
Giorgio Napolitano foi um equilibrado e competente Presidente de Itália. Tinha 81 anos quando tomou posse, 90 quando deixou o cargo.
Mohamed Beji Caid Essebsi foi presidente da Tunísia entre os 88 e os 92 anos. Teve um papel importantíssimo na estabilização do país.
Winston Churchill foi primeiro-ministro, pela derradeira vez, entre os 75 e os 79 anos.
Strom Thurmond deixou o cargo de senador dos Estados Unidos aos 98 anos.
Velhos são os trapos. Conheço muitos políticos na casa dos 40 que não dão uma para a caixa, que só repetem as mais horríveis banalidades e que, com voz xaroposa e bem modulada, sabem fazer pose. Já trabalhar e apresentar resultados é que nem por isso.
Ou seja, nem a idade é prova de cansaço, nem a juventude prova de capacidade.
Isto é alguma declaração de intenções? Não é, estou só a dizer.
2 comentários:
Agarrem-me... ou ainda volto!!!
Leio os teus textos sempre com prazer, pela sabedoria, pela ironia, por tudo o que partilhas e eu aprendo. Bem hajas!
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