quinta-feira, 10 de junho de 2021

TANTA SENHORA DE MAU PORTE ARMADA EM FINA...

Não sou do partido de Pedro Adão e Silva.

Nunca votei no partido de Pedro Adão e Silva e é pouco provável que o venha a fazer.

Não conheço pessoalmente Pedro Adão e Silva.

Tenho dúvidas que seja a melhor escolha para comissário destas comemorações. Não por não ser historiador ou militar - não vejo qualquer razão para ter de exibir tais credenciais -, mas por falta de traquejo em iniciativas como esta. Não é por nada, mas esta coisa das políticas públicas em cultura pode ter muita e boa teoria, mas obriga a uma longa e persistente prática. Um comissário é, essencialmente, um gestor, um promotor de ideias e um "inventor". Tenho muitas reservas e, sobretudo, expetativa.

Posto isto, assisto comovido aos ataques da direita à nomeação do comissário das comemorações do 25 de abril. Ao salário (torna-se comum exigir conhecimento e trabalho qualificado low-cost..., uma cena muito ao gosto dos populismos, para quem a frugalidade é sempre a dos outros).  Vir dizer que três anos é um exagero de tempo para preparar as celebrações implica que já conheçam o programa, supostamente reduzido a um dia. Já têm sido chamadas à colação as múltiplas celebrações da Comissão dos Descobrimentos (múltiplas, excelentes, inesquecíveis, eternas etc.).

O que espero destas comemorações, que vão, e muito bem, até 2026?

* Que abranjam as eleições constituintes (1975), legislativas (1976) e autárquicas (1976);

* Que incluam um trabalho intenso com a A.N.M.P., com os municípios, com as escolas de todos os graus de ensino;

* Que produzam conhecimento e documentação;

* Que cruzem todo o País.

O problema da direita, cada vez mais extrema (vejam aqui a tirada de Rui Rio sobre o fascismo) não é Pedro Adão e Silva, o salário do comissário ou o facto de ter motorista. O problema da direita é o 25 de abril. Certo?


2 comentários:

Francisco Diogo Godinho disse...

Boa Santiago, bem metida, "no centro do meio". O problema (para eles) é mesmo esse: o 25 de Abril em si, o resto é "floreados", para inglês ver.
Posso usar uma frase? - salvaguardando direitos e divulgando autoria, óbviamente!.

Santiago Macias disse...

Claro que sim!