Dou muitas vezes comigo a pensar na "minusculidade" de Portugal, na pequeníssima escala da rede social, dos contactos cruzados em que toda a gente se conhece. Muita antes da "aldeia global", já Portugal o era. Em poucos dias, a sucessão de coisas trazem-me à memória o início do genial "Magnólia" e expressões como a matter of chance ou one of those things.
O trabalho, in fine, anda à volta da arquitetura do século XX. Procuro, semanas a fio, o rasto de um arquiteto falecido prematuramente, para "descobrir" que na secretária ao lado da minha trabalha uma familiar desse arquiteto. Comento, no mesmo departamento, que quem conhece a localização de um determinado edifício em Gaia, já demolido, é o arquiteto xis, que tinha sido meu professor nas Belas-Artes, há 35 anos. "Nem sei se ainda está vivo" digo à minha interlocutora, que me responde, enquanto eu caio das nuvens, "está vivo e de boa saúde; é meu tio". No mesmo projeto procuro, insistentemente, dados sobre um determinado ateliê de arquitetura, desaparecido há cerca de 20 anos. Quem teria assinado um projeto feito no Cartaxo? Em infindáveis pesquisas, encontro um nome que me é familiar. O de um arquiteto que tinha começado a sua carreira trabalhando nesse ateliê. Será a mesma pessoa? Era. Um rápido contacto põe-me em linha com alguém que me pode tirar as dúvidas. Noutro telefonema com um amigo arquiteto, e enquanto protesto em termos coloridos ante a imprecisão de certos dados nas memórias descritivas, digo "por exemplo, em relação a fulano de tal, não consigo perceber se trabalhou no sítio ípsilon". Tenho como resposta "ah, é fácil, está reformado há muito mas tenho o contacto dele; por acaso, estagiei com nesse gabinete quando comecei a carreira e o filho dele é o meu melhor amigo".
Isto anda tudo ligado. Não pode ser só a matter of chance ou one of those things.
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