William Eugene Smith (1918-1978) foi, certamente, o primeiro fotógrafo que admirei de forma incondicional. Conheci-o através de um trabalho de cariz biográfico, publicado na desaparecida revista brasileira Manchete. W.E. Smith teria nessa altura poucos mais de 50 anos e era, desde há muito, uma celebridade com grande reputação no fotojornalismo mundial. De entre as fotografias publicadas impressionaram em particular os meus 9 ou 10 anos a imagem de um velório e a face de três guardas civis. Embora Paymogo não correspondesse, no início dos anos 70, à imagem de extrema pobreza da aldeia de Deleitosa (Cáceres) não estava, em muitos detalhes, assim tão distante.
.
A pobreza, a ditadura franquista, um país a recuperar da guerra civil, o isolamento e a omnipresença da fé, de tudo isso nos fala Smith com o poder das imagens. Não sei se o fotógrafo foi levado à Deleitosa por um estranho e invulgar acaso ou se teria, porventura, visto o documentário de Luis Buñuel, Las Hurdes - Tierra sin pan, rodado no início da década de 30 num local não muito longe da aldeia que ele próprio celebrizaria.
.
Deleitosa tem hoje um alcalde do PSOE. Passarei por lá um dia destes para ver o que mudou na aldeia em quase 60 anos. Já agora, aquela moça de cara bonita que está no centro do velório chegou a ser contactada pelos estúdios de Hollywood. Nunca quis deixar a sua aldeia..
A revista Life, para a qual W.E. Smith trabalhava, já desapareceu. Não há, que eu saiba, nenhuma página web sobre o fotógrafo.
2 comentários:
no site da Magnum pode encontrar muitas fotografias de W Eugene Smith:
http://www.magnumphotos.com/Archive/C.aspx?VP=XSpecific_MAG.PhotographerDetail_VPage&l1=0&pid=2K7O3R139C2T&nm=W%2E%20Eugene%20Smith
Obrigado. Referia-me a uma página web específica, mas é sempre bom saber que podemos ter acesso a outras fontes. As fotos da MAGNUM não se podem é reproduzir. Paciência...
Enviar um comentário