sexta-feira, 6 de novembro de 2009

BERLIM - 1945

Agora que tanto se fala de Berlim - e a Berlim "voltarei" no dia 9 - é hora de prestar homenagem a um dos nomes maiores da fotografia do século XX. Refiro-me a Yevgeny Khaldei (1917-1997), nascido na Ucrânia no seio de numa família judia. Não ter nascido no ocidente fez com que o seu nome seja conhecido num círculo relativamente restrito. O que é pena, porque o á-vontade com que Khaldei se movimentou entre o experimentalismo e a fotografia de reportagem, o seu talento e sentido plástico fazem dele um artista à altura de George Rodger ou de Robert Capa.
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A fotografia do soldado soviético no topo do Reichstag, uma das mais extraordinárias (e célebres) imagens da 2ª Guerra Mundial, tem vários detalhes "picantes". Relato um deles: a fotografia que a imprensa então publicou teve que ser retocada. É que o soldado exibia dois relógios, um cada pulso. Não havendo necessidade de saber as diferenças de fuso horário entre Berlim e Moscovo era mais que evidente que o conquistador se dedicara a plácidas tarefas de pilhagem...
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À falta de melhor veja-se: http://www.chaldej.de/

9 comentários:

Anónimo disse...

Leva-me contigo!!

Santiago Macias disse...

Voltarei a Berlim espiritualmente, bem entendido...
Mas está convidado/a.
Não que me importasse de ir a Berlim no dia 9 mas o programa, também interessante e com vários desafios, vai ser outro: começa às 8 h. com uma reunião no estaleiro da Câmara Municipal e termina às 21 h. com uma reunião com a população da Póvoa de S. Miguel.

Santiago Macias disse...

Perdão, estás (tu, não você) convidado/a.

Teresa Sindicato disse...

Todos os movimentos artísticos e culturais de vanguarda "de leste" que encontraram na revolução russa (está a fazer 92 anos) são sistematicamente abafados, mesmo apesar de terem tido enorme influência nos artistas do "ocidente" (uns plagiam sem "citarem" a fonte, outros recebem essa influência sem terem consciência da sua proveniência). Um exemplo é o cineasta russo Dziga Vertov. Deixo aqui este link (http://video.google.com/videoplay?docid=-7991379281115932333#) onde podem ver, integralmente, um filme seu de 1929 (!): "O Homem com a Câmara de Filmar" que se assume como um filme experiência, sem legendas nem títulos, nem cenários, nem actores. O objectivo foi contribuir para uma linguagem cinematográfica internacionalista, compreensível a todos os trabalhadores do mundo. Uma das cenas mais famosas e faladas deste filme montado num ritmo semelhante ao pulsar da vida social, é o repentino aparecimento de um plano frontal de um parto. Boa visualização!

Santiago Macias disse...

Obrigado pelo comentário, JF. Já agora, podemos sempre acrescentar Pudovkin e Eisenstein e Alexandrov e Tiché. E Malevitch e toda a extraordinária vanguarda dos anos 20. Que o nosso amigo Josef se encarregou de ir academizando, diga-se de passagem...

Teresa Sindicato disse...

A partir de determinada altura os ataques terroristas dos capitalistas fascistas com a cumplicidade activa dos capitalistas democráticos forçaram a URSS a retrocessos e/ou estagnações. Que papel para o experimentalismo revolucionário na cultura quando um país, ou melhor, uma revolução, é ideológica, diplomática e belicamente atacada em múltiplas frentes? As prioridades mudaram. À força do belicismo inimigo, muitas experiências de vanguarda e verdadeiramente revolucionárias foram sendo limitadas, instituindo-se uma "estética de força" que se contrapusesse à força dos inimigos. Foi um erro, muito provavelmente estas limitações entre outras foram erros fatais. Se teriam sido inevitáveis, dada a complexidade atroz da situação histórica e dada a recém nascida, e por isso débil, experiência revolucionária dos povos, já não sei. Mas foram muitas as perdas, o Álvaro Cunhal faz essa crítica em a Arte, o Artista e a Sociedade ( e noutros textos), dando exemplos de artistas russos marginalizados por essa nova ordem, como o poeta Maiakovsy e o fabuloso encenador Meyerhold. De qualquer forma, foram muitos os avanços tornados possíveis pela revolução russa e pelos comunistas de todo o mundo, e que ainda hoje se repercutem de múltiplas formas. Cabe a nós aproveitar o essencial destas experiências e compreender (e estirpar) os males.

Abraço e que faças excelente viagem!
(já agora podias fazer-me um grande favor, tenho grande dificuldade em encontrar material - textos, peças de teatro, etc) do encenador e dramaturgo Abdelkader Alloula. Se nas tuas voltas por Argel encontrares algo de interessante dele ou sobre ele, traz-me se puderes que eu logo te pago!)

Santiago Macias disse...

Por mais que eu ponha aspas não me safo...
Camarada, vou a Argel mas não é amanhã. A viagem a que me refiro é de outro género. Como verás.

Dulcineia disse...

Desta vez nao fui eu que pedi boleia.
Eu percebi aquela coisa das " "s.

Teresa Sindicato disse...

Epá, tanto nos tem deixado com água na boca com relatos das tuas viagens que nem liguei às aspas. Bom, então o pedido em relação ao Alloula fica para o teu prometido regresso "sem aspas" a Argel.