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Amiga
Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor,
A mais triste de todas as mulheres.
Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho ...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho ...
Beija-mas bem! ... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos
Os beijos que sonhei prà minha boca! ...
Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"
A imagem dos religiosos que se beijam, assim castamente (acho que é castamente) é inspiradora. Palavras como as dos poemas fazem sentido nestes, e noutros, momentos. E Florbela Espanca é uma poetisa para a Eternidade.
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