ESCULTURA ANTIGA
Um dos aspetos mais interessantes em muitos autodidatas é a naïveté com que abordam as matérias que
lhes interessam. Isso acontece tanto do ponto de vista temático, como no
tratamento plástico. Um autodidata, se estiver despojado de preconceitos,
consegue resultados verdadeirmente originais. É o caso de António Esperança,
que tem na religião católica (nessa e não noutra) o seu tema central.
Há representações bíblicas, como a Pietà, a par de outras marcadamente locais, como a Nossa Senhora do Carmo. A imagem de Santo António chama também a atenção de
António Esperança, que cria mesmo originalidades iconográficas na Senhora com o Menino, ao representar a
Virgem com um pouco canónico globo na mão.
O talhe na madeira é seco e remete, por vezes, para
representações de outro tempos. Os crucifixos têm laivos da arte medieval, ao
passo que outras esculturas, em especial o S. Francisco de Assis, aponta para a
arte indo-portuguesa setecentista. Uma involuntária viagem no tempo, alheia ao
percurso formativo de António Esperança. Mais interessante se torna, por isso
mesmo.
Continua a igreja do Espírito Santo a acolher acontecimentos
culturais. Para isso foi adquirida, recuperada e colocada ao serviço da
população. A exposição “Estudos de um autodidata: religião” faz parte de um
percurso de permanente valorização do potencial da nossa terra. Que começou, há
uns anos, nos projetos de regeneração urbana e que tem tido continuidade em
várias iniciativas, que dão vida e cor a diferentes zonas da nossa cidade.
Foi este o curto texto que redigi para a introdução ao catálogo da exposição de António Esperança. “Estudos de um autodidata: Religião” estará patente na Galeria do Espírito Santo, de 9 de abril a 31 de maio.
1 comentário:
gostei!
bom domingo
Angela
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