sexta-feira, 28 de abril de 2017

DE AVIENO À TALL SHIPS REGATTA 2017

O texto assim tipo para historiadores:

No litoral dos Sefes encontra-se a ilha Petânion e um amplo porto. Depois, contíguas aos Cempsos, ficam as povoações dos Cinetes. Então, lá onde declina o cabo Cinético, ponto extremo da rica Europa, e entra pelas águas salgadas do Oceano povoado de monstros. O rio Anas percorre a região dos Cinetes e sulca as suas terras. Abre-se de novo um golfo e, cavado, o litoral estende-se para sul.

É um excerto da "Orla marítima", de Avieno, autor do século IV d.C. A obra foi composta a partir de relatos mais antigos. A complexa história da construção do relato está explicada, numa síntese exemplar, na edição anotada por José Ribeiro Ferreira (ed. Instituto Nacional de Investigação Científica), e que usei mais acima.

Vem isto a propósito de uma iniciativa que decorre em Sines, a Tall Ships Regatta. Moura está presente, promovendo o concelho fora de portas.

É irrelevante, neste caso, discutir a coincidência geográfica de cada topónimo. Mas é curioso sublinhar o recente achado de uma pedra com inscrição, atestando a existência de uma rábita em Sines. Ouvi, em tempos, dezenas de vezes a explicação, feita a pé firme, de que não havia vestígios islâmicos em Sines. Tal como ouvi gente qualificada garantir e explicar que a tese de Cláudio Torres (Marsa Hashim=Sines) estava errada. Não estava, como agora se vê. Ou seja, a fonte árabe que falava na existência de um grande templo em Marsa Hashim reportava-se à construção que ali existiu (onde está hoje o castelo?) e que perdurou sob a forma de rábita.




Imagens da peça e da transcrição (por Ana Labarta) no site da Câmara Municipal de Sines.

Ver - http://www.aporvela.pt/sinesrdv2017/

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