segunda-feira, 3 de abril de 2017

DO AZUL MAJORELLE A LUIS BARRAGÁN: OUTRA SETÚBAL

Nunca tinha visitado a Casa da Baía, embora conheça Setúbal, cidade que me está no coração. Não sei quem fez o projecto de reabilitação do edifício, mas tudo aquilo tem cores do sul. Tudo aquilo é feliz

O azul majorelle e aquele ar Luis Barragán tornaram luminoso o dia. Depois Luís de Camões veio em meu auxílio.

Julga-me a gente toda por perdido,
Vendo-me tão entregue a meu cuidado,
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido.

Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado,
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido.

Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
Busque riquezas, honras a outra gente,
Vencendo ferro, fogo, frio e calma;

Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro na alma.


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