sábado, 14 de março de 2009

MAR DE ARZILA

no mar de arzila
namorei
teus olhos

no mar de arzila

uma voz antiga
tangia
a claridade
dobava o musgo
das pedras
adormecendo

no mar de arzila

havia o meu canto
recluso
do teu canto
gaivota gaivota
e nas praças
o tempo
renascera

no mar de arzila

namorei
teus olhos

no mar de arzila





O poema é de José Manuel Mendes (n. 1948). Ouvi-o na Antena 1, dito talvez por Luís Lima Barreto. É fácil lembrar-mo-nos do Mar de Arzila e dos olhos que vimos junto ao Mar de Arzila. E dos olhos que, às vezes, namoramos. O olhar desta mulher - amanhã direi quem é - ilustra bem esse cruzar de olhares. E a atracção pelo desconhecido.

4 comentários:

Anónimo disse...

Um olhar vale mais que mil palavras...
"Azuis" castanhos ou verdes, não interessa, são muitas vezes eles que nos dizem aquilo que as palavras nunca dirão.

Santiago Macias disse...

Só não percebi as aspas nos "azuis"...

Anónimo disse...

Se quiser eu posso explicar-lhe...

Santiago Macias disse...

Faça favor. A curiosidade é um dos meus pecados capitais.