sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CASAMENTO GAY

Aparentemente, a questão está resolvida. Ou talvez não. Balançam sobre o assunto dúvidas de constitucionalidade. Vão começar os jogos de florete jurídicos. As razões e as contra-razões. Os argumentos, cada vez mais técnicos e especializados (não conheço outro país em que os juristas estejam tão omnipresentes no debate político e em que as discussões tenham uma tão forte carga técnica), vão enredar-se em meandros infindáveis.
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Quando o assunto se der por terminado - pessoalmente é-me tão "indiferente" o casamento entre pessoas do mesmo sexo como entre as de sexo diferente -, há outros dossiês que esperam resolução. Menos mediáticos mas bem mais decisivos para o nosso futuro. 
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4 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde, Santiago
Portugal é um Estado de Direito. Supostamente, não deveríamos viver numa anarquia (embora, às vezes, eu pense que sim); São os políticos que aprovam as leis, os decretos, os regulamentos, as portarias (etc.) – Pressupondo que os políticos as “encomendam” aos juristas e se os mesmos que as aprovam são, entre tantos, os mesmos que na prática não as aplicam… vivemos num país do “faz de conta que agora vivemos num Estado de Direito democrático” ou do “faz aquilo que eu legislo” mas “não faças o que eu faço”… Também é verdade que há normas, verdadeiramente, absurdas. Outras, deliberadamente, contraditórias. Quando não se pretendem claras ou são produto da incompetência de quem as faz ou/e de quem as aprova, dão azo às interpretações mais imaginativas tanto de políticos como de juristas. Ás vezes até dão azo a outro tipo de intérpretes, menos habilitados…que fazem as interpretações de acordo com as suas próprias conveniências (!)
Há dias um amigo disse-me: “cada vez gosto menos de políticos e juristas…” Não gosto de generalizações mas respondi-lhe: “cada vez tendo mais a concordar contigo…”
No fundo, de uma forma ou de outra, todos temos a nossa margem de responsabilidade nesta sociedade de que tanto nos queixamos: quando votamos ou não votamos, quando silenciamos, quando somos coniventes com as situações que nos desagradam, quando preferimos fingir que a politica e as leis não afectam a nossa vida directamente (...) Acredito que as grandes mudanças não têm que resultar, necessariamente, de rupturas abruptas mas antes, como resultado gradual, das pequenas acções que dependem directamente de cada um de nós.
E como as conversas são como as cerejas… o que acabei de escrever trouxe-me à memória o filme “Pay it for Forward”, em que o professor lança um desafio aos seus alunos para que pensem numa ideia para tornar melhor o mundo em que vivem. Há cenas que, sem sabermos bem porquê, nos ficam gravadas na memória. Depois de lançado o desafio um dos alunos pergunta de forma provocatória ao professor: “ O que já fez para mudar o mundo…”?
Acho que esta cena do filme nos dá a melhor resposta possível sobre aquilo que, cada um de nós, pode fazer para melhorar aquilo de que não gostamos.

http://www.youtube.com/watch?v=tGcwG-2owow

Para não me desviar do tema do post – Parabéns aos partidos políticos que aprovaram a lei, às pessoas que deram a cara pela causa e, sobretudo, aos que podem agora, de forma igual, começar a sair da sombra, sem medo de ser apontados pelo preconceito.

BB

Santiago Macias disse...

Cara BB

Parto do princípio que falo com uma jurista.
Não há nenhuma má vontade minha em relação aos juristas.
Limito-me a notar que em Portugal se legisla/regulamenta de mais. O que acaba por puxar a discussão para terrenos esotericamente técnicos.
Tenho assistido a reuniões em que há pessoas (juristas ou não) mais entretidas em demonstrarem quão inteligentes são e quanto sabem de legislação do que em avançarem com propostas pragmáticas.
O que me irrita não são os juristas (Deus me livre!) mas sim a forma como se preferem a discussão técnica e as minudências à pragmática resolução dos problemas.
Admito que seja mau feitio meu...

Anónimo disse...

Santiago,
também pode partir do pricípio que está a falar com uma leiga em muitos assuntos. Só os que pensam que já aprenderam tudo, e não têm mais nada a aprender com os outros, ficam estagnados no tempo e não evoluem.
Concordo que se regulamenta e legisla demais em Portugal e isso nem significa que as coisas melhorem, substancialmente, pelo contrário,... cada vez mais, vivemos enredados num mundo infindável de burocracias para atingir determinados fins que, à partida, até nos parecem muito fáceis de resolver - mas quem detém o poder legislativo para alterar esse estado de coisas são, justamente, os políticos, principalmente, ao nível da Assembleia da República e do Governo. Também estamos de acordo que se fôr possível solucionar em vez de atrapalhar, não vejo qual é a conveniência em ficar-se agarrado a meras questões de retórica. Aliás, se passarmos a vida agarrados a teorias e retóricas que depois, não conseguimos concretizar na prática, além de pouca utilidade e perda de tempo valioso, deixam-nos sempre um gosto amargo a insatisfação...
A mim também não me irritam, nem juristas nem políticos, nem engenheiros, nem arquitectos, desde que cada um, na sua boa-fé, cumpra o seu papel o melhor que sabe e pode.
Também admito que possa ter alguma ingenuidade a esse nível e uma grande dose de paciência...mas quando deixar de acreditar que os aspectos positivos da maioria das pessoas se sobrepõem aos negativos, talvez seja tempo de reflectir, sériamente, nas minhas convicções ideológicas...! Nesse aspecto, confesso que o "Triunfo dos Porcos" me persegue insistentemente...

Considere isto uma troca de ideias (desalinhadas) e não uma critíca - assim, em jeito de desabafo ou exorcismo, sempre poupo uns trocos no psiquiatra :)

BB (Vou mesmo pintar o cabelo de loiro e deixar os assuntos sérios para outros dias da semana).

Um bom resto de fds.

Santiago Macias disse...

Os pontos de vista de interessante, como é o caso, são sempre interessantes, ainda que dissonantes, o que até nem me parece ser o caso.

De loiro? Essa agora!