quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

REFLEXÃO SOBRE A CHACINA DE PARIS

Temos, em http://www.odiario.info, uma leitura lúcida e pertinente sobre o massacre de Paris. Aqui a deixo. São editores do site Filipe Diniz, José Paulo Gascão, Miguel Urbano Rodrigues e Rui Namorado Rosa.




Uma onda de emoção, solidariedade e repulsa corre pelo mundo levantada pela chacina de Paris.
É legítima. Doze pessoas foram assassinadas por um grupo terrorista na sede do semanário francês Charlie Hebdo. Entre elas o diretor, quatro cartoonistas e dois polícias. 
O jornal, satírico, progressista, havia sido já alvo de atentados por ter publicado caricaturas do Profeta Maomé.
A dimensão, o motivo e a circunstância contribuem para a repercussão mundial do bárbaro crime.
O facto de os assaltantes terem gritado à saída «Alá é grande e o Profeta foi vingado!» funcionou como estímulo à islamofobia. 
Na última semana, organizações de extrema-direita da Alemanha, dos EUA e da França promoveram manifestações racistas dirigidas contra as comunidades muçulmanas desses países. Tais iniciativas tendem agora a multiplicar-se.
O Presidente François Hollande, ao condenar o monstruoso atentado, afirmou que a França «está em choque». Chefes de estado e de governo de todo o mundo expressam solidariedade e horror.
É lamentável mas significativo que o discurso dos políticos e os comentários dos media sejam omissos quanto a uma questão fundamental. Responsabilizam o terrorismo, reafirmam a determinação de lhe dar combate onde quer que desenvolva a sua ação criminosa, mas abstêm-se de referências às causas do surto de barbárie terrorista.
Obama e os seus aliados europeus, sobretudo Hollande e Cameron, têm telhados de vidro. Não podem confessar que o terrorismo cresceu em escala mundial desde que o imperialismo norte-americano (com o apoio do estado fascista de Israel) iniciou agressões em serie a países muçulmanos.
A guerra do Golfo foi um prólogo. Mas foi após os atentados do 11 de Setembro de 2001, com a invasão e ocupação do Afeganistão, que essa estratégia assumiu, com Bush filho, caracter prioritário.
A segunda Guerra do Iraque, o reforço da presença no Afeganistão, a agressão à Líbia, o apoio na Síria a organizações terroristas configuram crimes contra a humanidade.
Invocando sempre como pretexto para guerras abjetas a democracia e a defesa dos direitos humanos, os EUA mataram centenas de milhares de muçulmanos, destruíram cidades, introduziram a tortura, semearam a miséria e a fome no Médio Oriente e na Ásia Central.

Nesta hora em que os franceses choram os mortos de Charlie Hebdo é necessário recordar que Sarkozy e Hollande foram cúmplices de muitos dos crimes do imperialismo norte-americano.

E indispensável lembrar que muitos dos assassinos do chamado Estado Islâmico foram treinados pela CIA e por militares dos EUA. Washington fomentou o terrorismo proclamando que o combatia.

OS EDITORES DE ODIARIO.INFO

3 comentários:

A.C.Valera disse...

Lamento, Santiago, mas estas são alturas para assumir valores e não para relativismos de conveniência, traduzidos no "pois, pois, mas..."
É que se aceitamos que as circunstâncias históricas justificam actos como estes, então não há actos que as circunstâncias históricas não justifiquem. E deixarás de ter argumentos para criticares aquilo que tanto gostas de criticar.

Carlos de Jesus disse...

Esta 'análise' deixa-me de boquiaberto. Onde estão os factos para comprovar que o terrorismo é culpa do Ocidente e de Israel?
Se assim é, como justificar que as principais e mais numerosas vítimas dos jihadistas sejam os próprios muçulmanos como se pode confirmar aqui:
http://www.theguardian.com/world/2014/dec/11/jihadi-attacks-killed-more-than-5000-people-in-november-the-vast-majority-of-them-muslims

Santiago Macias disse...

Não se trata de relativizar coisa alguma. Nem de desculpabilizar.

Sugiro uma nova leitura do texto.

De resto, caro António, não crítico por gosto ou prazer.