terça-feira, 22 de março de 2016

UMA CIDADE E O SEU MUSEU: 17/20 - DAMASCO

Foram dias demasiado fortes. Já lá vão quase 13 anos. Éramos dois portugueses à descoberta da Síria. Duas semanas em passo rápido, com muito para ver e com muito para sentir. A primeira impressão de Damasco foi apenas aceitável (não gosto de cidades planas...) e só começou a mudar quando entrei na cidade velha. Quando passei pelo propileu e quando entrei na mesquita omíada, experiência transcendente e que tem muito poucos paralelos na minha vida. Da Síria conservo a grata experiência de ter encontrado, depois de uma longa caminhada, o meu amigo Haytham Hasan em plena escavação de Masyaf.

Lembro-me, no Museu Nacional de Damasco, da escrita cuneiforme e das vestígios de Mari. Mas a imagem forte é a da fachada de Qasr al-Hayr al-Gharbi, um monumento do século VIII. Só me lembrava daquele filme de René Clair, no qual um castelo é desmantelado e remontado na Florida. O fantasma vai atrás... Bom, aqui é menos complicado. Há um certo tom cinematográfico na montagem. Mas é toda a Síria que cabe naquela fachada.

De Damasco, recordo, com toda a clareza, o pátio da mesquita (onde encontrei um jovem iraniano que lera Saramago em farsi que me dizia que "aquilo" não era nada comparado com o País dele), Bab Charqi, o bairro cristão, as pedras dos templos antigos. E a instalação de Eva Lootz, no Khan Assad Pasha. E Paloma Canivet, esvoaçando na cidade antiga.

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