Foi um final de tarde quente e caloroso. Fui acolhido fraternalmente. Convidaram-me a beber uma cerveja e depois, sem cerimónia, atiraram-me para cima de uma "roulotte". Do Gargalão se passou à ermida de S. Pedro. A ermida está sobre uma villa romana, que foi ocupada até ao século X ou XI. O ambiente era festivo. A animação imperava e organizar a procissão ainda tardou um pouco. Tocou-se o sino e o cortejo serpenteou, campos fora. A banda tocava e havia quem cantasse. Soavam algures ecos de música pimba. Um certo caos mediterrânico tomava conta da procissão. O padre Francisco, impassível e sorridente, não parecia incomodado com o barulho à sua volta. Na chegada ao Sobral, alguns quilómetros mais tarde, ninguém perdera o gás.
Saí do Sobral com pena. Sem Chevrolet, não sabia onde ir nem onde ficar. O tumulto de Cecília Meireles tornou-se-me familiar noite dentro. No próximo ano fico no Sobral.
TUMULTO
Tempestade... O desgrenhamento
das ramagens... O choro vão
da água triste, do longo vento,
vem morrer-me no coração.
A água triste cai como um sonho,
sonho velho que se esqueceu...
( Quando virás, ó meu tristonho
Poeta, ó doce troveiro meu!...)
E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,
à procura de quem me entenda
e de quem me consolará...
Saí do Sobral com pena. Sem Chevrolet, não sabia onde ir nem onde ficar. O tumulto de Cecília Meireles tornou-se-me familiar noite dentro. No próximo ano fico no Sobral.
TUMULTO
Tempestade... O desgrenhamento
das ramagens... O choro vão
da água triste, do longo vento,
vem morrer-me no coração.
A água triste cai como um sonho,
sonho velho que se esqueceu...
( Quando virás, ó meu tristonho
Poeta, ó doce troveiro meu!...)
E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,
à procura de quem me entenda
e de quem me consolará...
Sem comentários:
Enviar um comentário