segunda-feira, 15 de junho de 2009

MUSEU DE MOURA - MODO DE USAR

O tema Museu de Moura tem merecido, a nível local, algum interesse. Num momento em que a autarquia tem em curso diversos projectos no âmbito da reabilitação do património histórico (até agora com recurso, único e exclusivo, ao orçamento municipal) aqui deixo uma brevíssima reflexão sobre o tema, publicada há semanas no jornal A Planície.

Quebro aqui o princípio de não me pronunciar sobre matérias específicas da minha área profissional, sendo, ao mesmo tempo vereador da Câmara de Moura. Julgo dever fazê-lo numa altura em que se encerra o processo de concurso para a renovação da área do Matadouro e novas perspectivas se abrem para o Museu Municipal. Julgo ter, sobretudo, a obrigação de fazê-lo antes que se difundam e façam escola opiniões avulsas, quase sempre veiculadas por opinadores sem qualquer qualificação técnico-científica e sem qualquer experiência na matéria.

Aqui vai, em jeito de pergunta/resposta:

1. Porque é necessário um novo espaço para o Museu de Moura?
a. Porque, do ponto de vista físico, o actual edifício sempre foi tido como um local transitório e porque é necessário garantir uma melhoria de condições de exposição;

b. Porque os museus municipais podem e devem assumir, em cidades com a dimensão da de Moura um papel dinamizador junto das comunidades locais e junto dos turistas que visitam a cidade e o concelho.

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2. Que modelo de desenvolvimento se adopta nestas circunstâncias?
a. Por um lado, um esquema de exposição permanente que valorize as peças de grande valor que existem (e o concelho de Moura pode dispor de cerca de duas dezenas de peças de excepcional qualidade, dignas de figurarem em qualquer museu);
b. Por outra parte, a previsão de espaços para exposições temporárias;
c. Tendo em conta a estrutura organizativa e a capacidade de resposta de entidades como o Museu de Moura (e que é idêntica a de tantos outros museus que existem no nosso país), a organização de exposições temporárias não pode ter uma renovação inferior a 18 meses;
d. Quando falo em exposição temporária excluo, evidentemente, os trabalhos de animação correntes que fazem parte das tarefas quotidianas;
e. Quando falo em exposição temporária refiro-me à construção de ideias, à sua montagem e à edição de catálogos. Recorrendo-se, ou não, a entidades e a colegas de outras instituições.

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3. O espaço do matadouro é exageradamente grande para estas finalidades?
a. Não é, e quem afirma o contrário mais valia que estivesse calado, para não estar a debitar baboseiras sobre matérias que desconhece;
b. Em concreto, o museu prevê uma área de exposição permanente (185 m2), uma área para mostras temporárias (80 m2), uma área para actividades de animação e serviços de apoio. O mínimo indispensável para garantir um trabalho de qualidade.
c. Os serviços são os mesmos que existem actualmente em diferentes edifícios. São assim, agregados e reorganizados. Permitem, sobretudo, que as reservas do museu fiquem num só local;
d. Os espaços de apoio foram calculados em função das necessidades.

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4. Que espaços é que o novo museu não vai ter?
a. Não terá nem auditório nem biblioteca.
b. Esta proposta foi minha, enquanto vereador e baseando-me numa experiência de trabalho de mais de 20 anos neste domínio.
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5. Porque é que não vai ter nem auditório nem biblioteca?
a. Porque o auditório é um equipamento caro, “pesado” e que se arrisca a ser usado raras vezes ao longo de um ano;
b. Porque existem auditórios em número suficiente na cidade, com capacidade para albergarem qualquer evento com as devidas condições.
c. Porque há em Moura uma belíssima biblioteca municipal e é um disparate multiplicar equipamentos;
d. Excluo do conceito biblioteca a aquisição de bibliografia específica para uso dos técnicos do museu.

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6. O processo foi feito “à maluca” e só “porque sim”?
a. É evidente que não. Não me permito esse género de brincadeiras…
b. O concurso do matadouro foi fruto de inúmeros contactos, entre os quais telefonemas, troca de mails e reuniões pessoais com Clara Camacho (subdirectora do Instituto dos Museus e de Conservação) e com Joana Sousa Monteiro (coordenadora da Rede Portuguesa de Museus). A título informal, troquei impressões e ideias com Conceição Amaral (Directora do Museu da Fundação Ricardo Espírito Santo);
c. Na avaliação das propostas participou João Herdade, arquitecto do IMC e técnico com vasta experiência nestes dossiês;
d. A nível interno, teve o acompanhamento dos técnicos camarários, com destaque para Marisa Bacalhau, responsável pelo museu.
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7. Quanto custa a concretização do projecto?
a. Para a reabilitação do edifício do matadouro são cerca de 700.000 euros;
b. Bem entendido, que a concretização será faseada.

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8. Haveria alternativas de uso para o edifício do matadouro?
a. Admito que sim. Não conheço, contudo e à luz da realidade actual, propostas dignas de crédito;
b. Sobretudo, não conheço propostas fundamentadas.
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9. Porque não se faz um edifício de raiz?
a. Porque é uma opção nossa privilegiar, sempre que possível, a reabilitação de edifícios;
b. Exemplos recentes: Pátio dos Rolins, Quartéis, Antigo Quartel dos Bombeiros;
c. Exemplos futuros: Antigo Grémio (Biblioteca Municipal).

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10. Vai ser um processo fácil?
a. Não vai nada. Exigirá, decerto, o maior empenho a todos. E vai dar uma responsabilidade acrescida à responsável pelo museu. Que tem neste projecto a oportunidade da sua vida;
b. A adjudicação do projecto ocorrerá dentro de dias. Depois, avançará à maior velocidade que se conseguir;
c. O resto é coisa que tenho o prazer de deixar para os amadores e para os especialistas de fim-de-semana.


O projecto abrange o edifício do antigo matadouro assim como toda a área envolvente.

Convirá também clarificar que, a despeito do inestimável apoio dado pelas pessoas e entidades acima referidas, a responsabilidade pelo desenvolvimento do processo coube à Câmara Municipal de Moura. Foi também a autarquia que assumiu as opções que apresentei de forma muito sumária.

8 comentários:

Késisábadópêchi? disse...

Parece-me uma ideia bem interessante e espero vê-la concretizada. A julgar pelas fotos, poderiam fazer uma coisa estilo: fábrica do inglês em Silves.
Também penso que os técnicos da autarquia deveriam ser orientados no sentido de aproveitarem os fundos comunitários existentes, não temos que ser uns “velhinhos do Restelo” que fazemos tudo sem ajuda de ninguém.
Já agora, para quando um projecto de investigação para o Castro da Azougada? O futuro museu agradeceria.

Anónimo disse...

O Castro da Azougada não ficou submerso?

Curioso disse...

Sem querer fazer parte dos oposicionista que criticam qualquer posição da câmara, mas não haveria a hipótese de fazer o museu numa zona mais central de Moura?

Sou sincero, não me ocorre nenhum local melhor, mas, quem sabe, procurando melhor!! Talvez nos Quartéis?! Ou no Grémio?! Ou, quiçá, no Castelo?!

Peço desculpa se esses edificios não são hipóteses possíveis, também não sei quais as mehores alternativas, mas fico com a ideia que o Matadouro fica um pouco fora do centro histórico...

Anónimo disse...

E por falar em Museus o da Joalharia parece estar parado... é para quando?

Santiago Macias disse...

Várias respostas num só texto:

Os fundos comunitários não têm abrangido estes domínios. Os técnicos da Câmara nesta área estão perfeitamente habilitados.

O Castro da Azougada, que não está submerso, precisa de um projecto de longo prazo. Que pode ser desenvolvido pela autarquia ou por ela apoiado. Trata-se de um sítio de grande complexidade, pelo que precisaremos seguramente de um especialista neste domínio (Idade do Ferro) que queira arcar com a tarefa. Não é um projecto fácil, até pelo elevado grau de destruição de boa parte do sítio.

Os Quartéis serão destinados a pequenas oficinas de artesanato (pela configuração do edifício o uso como museu não é nada fácil); para o Grémio está a ser desenvolvido um projecto de adaptação a biblioteca municipal; o Castelo tem outro programa já definido. Quanto ao Matadouro: está colado oa bairro da Mouraria e situa-se a escassos 300 metros da Praça e do acesso ao castelo.

Todas as hipóteses foram ponderadas. Soluções perfeitas não há, mas estas parece-me equilibradas.

Santiago Macias disse...

E faltou uma resposta: a obra do Museu Gordilho esteve parada por razões de ordem técnica (necessidade de ajustes do projecto) mas não é obra para adiar.

Anónimo disse...

... eu não sei sr. curioso, para si o mais central onde poderá ser.
mas na minha opinião.
no castelo tem de ir de proposito
nos quarteis até não seria má idea
mas no Matadouro
tem um bom parque
fica numa estrada das mais principais ... que passa muitas
pessoas que vem de varios destinos...
no grémio o edificio até é bonito
e tem espaço...
deve ser bem estudado por a equipa.
...agora por equipas...
o real já apresentou alguns jogadores
o benfica o treinador
o PS em Moura tb
a CDU de Grandola vinha na Planicie
e a CDU em Moura?
tão Há espera que a FIFA
feche as incrições...
vá lá ... diga o resto da equipa galactica...

Anónimo disse...

Gostava de ver imagens da proposta que venceu o concurso.