segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A GRANDE ESFINGE DO EGITO

A Grande Esfinge do Egito sonha por este papel dentro...
Escrevo — e ela aparece-me através da minha mão transparente
E ao canto do papel erguem-se as pirâmides...
Escrevo — perturbo-me de ver o bico da minha pena
Ser o perfil do rei Quéops ...
De repente paro...
Escureceu tudo...
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Caio por um abismo feito de tempo...

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Estou soterrado sob as pirâmides a escrever versos à luz clara deste candeeiro

E todo o Egito me esmaga de alto através dos traços que faço com a pena...
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Ouço a Esfinge rir por dentro

O som da minha pena a correr no papel...
Atravessa o eu não poder vê-la uma mão enorme,
Varre tudo para o canto do teto que fica por detrás de mim,
E sobre o papel onde escrevo, entre ele e a pena que escreve
Jaz o cadáver do rei Quéops, olhando-me com olhos muito abertos,
E entre os nossos olhares que se cruzam corre o Nilo
E uma alegria de barcos embandeirados erra
Numa diagonal difusa
Entre mim e o que eu penso...
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Funerais do rei Quéops em ouro velho e Mim! ...

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Fernando Pessoa

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Talvez tenha sido acaso mas ontem, ao chegar a casa, caiu-me nas mãos o livro L'Egypte de Keiichi Tahara, de um grande fotógrafo japonês nascido em 1951. E depois, logo a seguir um poema da Esfinge, de Fernando Pessoa. Na noite da esfinge vitoriosa são boas escolhas. E melhores, muito melhores, que a esfinge de carne e osso.
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Ver www.keiichi-tahara.com

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