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Põe-me as mãos nos ombros...
Beija-me na fronte...
Minha vida é escombros,
A minha alma insonte.
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Eu não sei por quê,
Meu desde onde venho,
Sou o ser que vê,
E vê tudo estranho.
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Põe a tua mão
Sobre o meu cabelo...
Tudo é ilusão.
Sonhar é sabê-lo.
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Fernando Pessoa in "Cancioneiro"
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Outra vez Pessoa e outra vez Man Ray. É curioso como há artistas marcadamente físicos e sensoriais (Drummond de Andrade é outro exemplo claro). A fotografia de Man Ray, de 1924, é um dos grandes ícones do séc XX. Embora esteja muito longe de ser das minhas preferidas.
.À margem: esta fotografia foi usada, de forma indireta, num filme italiano dos anos 70. Refiro-me a Il merlo maschio, que teve em Portugal o absurdo título de A minha mulher é um violonsexo (!). Foi um dos muitos que realizou Pasquale Festa Campanile, diretor e argumentista prolífico. A chamada comédia italiana tinha bons filmes e outros que estavam muito longe disso. Ainda assim, admito que tenho muitas saudades de voltar a ver os filmes protagonizados por Franco Franchi e Ciccio Ingrassia e por Lando Buzzanca. E os westerns realizados por Sergio Corbucci. E a duvidosa (duvidosa é simpatia...) qualidade de Mariano Laurenti. Mas falta-me sobretudo, o Pavilhão Mourense. E esse já não volta.
2 comentários:
Muito interessante esta sua viagem pela Geografia Física da mulher.
Obrigado.
É, de facto, uma interminável viagem.
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