Vendo o rosto gentil que eu na alma vejo,
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.
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Como de dous ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
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Ditosa aquela flama, que se atreve
A apagar seus ardores e tormentos
Na vista de que o mundo tremer deve!
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Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela neve
Que queima corações e pensamentos.
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Camões lido à luz de Lucien Clergue (n. 1934) ganha outra perspetiva. E podemos enfatizar palavras que doutra forma outra leitura teriam. Nada mais se diga, que ante os grandes poetas devemos remeter-nos ao silêncio.
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