segunda-feira, 4 de abril de 2011

O LIXO, OS ECONOMISTAS E A ECONOMIA

Quando, depois das eleições autárquicas de 2005, tivémos uma reunião de distribuição de pelouros o José Maria informou-me (acho que foi isso, mais que um pedido de opinião): "ficas com o urbanismo, o gabinete de estudos e projetos, os fundos comunitários e o apoio ao desenvolvimento e as atividades económicas".
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Exatamente o que conviria a alguém que fez todos os graus académicos em História.
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Meses mais tarde, e à conversa com um conhecidíssimo jornalista português da área económica, confessei os meus receios, rematando com o desabafo não percebo nada de economia. O jornalista sorriu largamente e esclareceu-me deixe lá, os economistas também não...
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Já não é só a definição que me foi transmitida por um colega de liceu, hoje banqueiro: um economista é aquela pessoa que leva seis meses a elaborar um modelo e outros seis a explicar porque é que o modelo falhou. Não é só isso, não. Faltou perspetiva política e faltou coragem em muitos momentos recentes da nossa vida política.
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Que os centros de decisão não estão dentro de portas é mais que evidente (os mercados, a Fitch, a S&P etc etc) Que a AR se torna, a este nível, de uma aflitiva irrelevância é outra evidência. Que tantos e tão reputados economistas e gestores não tiveram a capacidade ou a corgaem política da decisão (e é aí que bate o ponto) é, ainda, outra evidência.
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Sinto-me tentado a dar razão ao jornalista. E, ao fim e ao cabo, creio que não me saí assim tão mal nas minhas funções. Seguindo um conselho básico do meu amigo banqueiro: antes de usares os manuais e as receitas, usa o bom-senso. Em 2013 terá lugar um balanço. E será publicado um livro com o título A minha aventura na República Autárquica.
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Os do rating dizem que estamos quase no lixo. O gráfico da nossa economia deve ser mais ou menos isto...

3 comentários:

Anónimo disse...

A propósito, há por aí um conhecido especialista em assuntos económicos e que até já foi ministro das finanças que sustentou o seguinte:no nosso País temos cerca de 30% de Câmaras Municipais em que as suas receitas próprias não dão para pagar o ordenado do presidente, da respetiva secretária e carro de apoio.Aí sim, é preciso saber muito de eoonomia para gerir esses deserdados da fortuna num País pobre.Ou será que essas Câmaras Municipais podem conduzir o País a uma situação de insolvência?

Santiago Macias disse...

Não são seguramente as câmaras que poderão conduzir o País a uma situação de insolvência.
Essa conversa de conhecidos especialistas em assuntos económicos nada tem de novo. Pela lógica dessa rapaziada mais de metade do País desapareceria. Por dar prejuízo.

Paulo Félix disse...

É para (quase) todos evidente que este país tem graves problemas estruturais que afectam o nosso (não) desenvolvimento económico. Mas, por outro lado, é preciso cada vez mais informar as pessoas que grande parte do que agora se passa no mundo financeiro tem outras causas, gravíssimas, e que muitos tentam escamotear a todo o custo: o saque sistemático dos recursos que são, em última instância, propriedade dos cidadãos, perpetrado pelo sistema financeiro mundial com a cobertura de inúmeros governos de recorte neoliberal ou afim. Isto só irá acabar quando já não haja nada para saquear ou nos dignemos, finalmente, a agir. O resto é intoxicação informativa.