domingo, 24 de março de 2013

OUTRA VEZ O MAR DE ARZILA


no mar de arzila
namorei
teus olhos

no mar de arzila

uma voz antiga
tangia
a claridade
dobava o musgo
das pedras
adormecendo

no mar de arzila

havia o meu canto
recluso
do teu canto
gaivota gaivota
e nas praças
o tempo
renascera

no mar de arzila

namorei
teus olhos

no mar de arzila
 
O poema de José Manuel Mendes surge, aqui, pela segunda vez. A primeira foi em 14 de março de 2009. Escrevi então É fácil lembrarmo-nos do Mar de Arzila e dos olhos que vimos junto ao Mar de Arzila. E dos olhos que, às vezes, namoramos. O olhar desta mulher - amanhã direi quem é - ilustra bem esse cruzar de olhares. E a atracção pelo desconhecido. Quatro anos depois escreveria o mesmo. Ao passar por Arzila, ao longo da muralha, e até chegar ao marabout de Krikia, pensei que não me importaria de viver naquela cidade durante algum tempo. Ou, até, mais do que isso.