terça-feira, 23 de junho de 2015

ARCIMGILDO

Nunca Francisco Hermenegildo ouvira falar no milanês Giuseppe Arcimboldo (1526–1593). Na prática, é como se o nome lhe fosse familiar. Arcimboldo compunha as suas telas a partir de objetos existentes que, conjugados entre si, produzia novos desenhos e novas formas. A sua obra ganharia novo fôlego e popularidade com os surrealistas, permanecendo até hoje como exemplo raro, bizarro até, de uma artista que antecipou as colagens. Muito do que Francisco Hermenegildo fez tem a ver com um sentido de recomposição de uma realidade pré-existente. Peças como Ave ou Flor de paz ligam-se a essa corrente.

Não creio também que as esculturas de Marcel Duchamp (a biclicleta, o suporte de garrafas, a pá…) lhe tenham servido de modelo ou inspiração. Até porque os objetos de Francisco Hermenegildo não são exatamente ready-mades, mas esculturas criadas a partir de outros objetos.

A paixão pela(s) máquina(s) está subjacente ao que aqui encontramos. O gosto do autor por carros e bicicletas antigas, pelo seu restauro e reutilização, encontra na escultura um prolongamento natural. Mecânico de profissão, Francisco Hermenegildo é também, e como justamente refere Marisa Bacalhau, um artista com preocupações ecológicas. Onde os outros veem lixo, o Francisco vê reciclagem e, sobretudo, uma oportunidade de (re)criação de formas. Como em A máquina, quase pop, quase futurista, na sua paixão pelos objetos mecânicos.

Francisco Hermenegildo? Sim. Mas também Arcimgildo…

Promover e divulgar artistas como ele é um prazer e um privilégio. A nossa missão é promover o orgulho da nossa terra, o seu potencial e a sua dinâmica. Velhos e talentosos amigos como o Francisco fazem parte, de corpo inteiro, deste nosso projeto.

Inauguração - 20.6.2105



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