Começo pela declaração de princípios: a culpa dos tempos que vivemos não é, obviamente, da Câmara Municipal. Seja ela qual for.
Mas há coisas de que precisamos, sem sombra de dúvidas: de seriedade, de franqueza, da capacidade de falar claro. De não promovermos procissões com os carros dos bombeiros, convencendo os cidadãos que "vai ficar tudo bem". Porque não ficou. Nem ficará. Há muita gente a penar e a luz ainda está longe. Precisamos que os testes em massa não se convertam em banais ações de propaganda.
Precisámos de liderança e tivemos publicidade.
Precisávamos de conhecimento e chegou-nos demagogia.
Folclore não é estratégia e gesticular não é comando.
Fazer política é falar claro e ser frontal. Doa a quem doer. A começar por nós.
Há um ano escrevi o que se segue. "Aqui d'el-rei", que regar ruas com água oxigenada é que era. Claro que não era. Não me enganei. Não era preciso ser bruxo para não me enganar.
QUARTA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2020
A PROPÓSITO DO PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO
Não há nada de mal em regar as ruas com água oxigenada - como me comentava um jovem amigo "só tem efeitos nos orçamentos camarários" - sendo que o perigo, real e bem concreto, é as pessoas acharem que já estão em segurança. Ou seja, que podem sair e andar na rua, porque os espaços públicos foram "desinfetados".
Diz a D.G.S. que estas operações não têm efeito na contenção do contágio de COVID-19. Não sendo eu especialista em temas variados - ao contrário do dr. Nuno Rogeiro e do dr. Paulo Portas - acato as opiniões das entidades oficiais. Recolhi a casa, não saio e confio nas autoridades. E preparo-me para os próximos tempos, que vão ser duros e de grande desafio. O bom, velho capitalismo vai querer tirar partido do que restar.
A Câmara de Mértola não borrifou ruas. Fez bem. Sem ponta de ironia.
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