“Vereador, venha jantar com a gente”. O convite era feito, informal e amigavelmente, da trincheira para a barreira, no final da corrida. Ia, claro. A princípio (2009, 2010...) pouco à vontade, não conhecia a maior parte dos moços, tinha estado muitos anos fora e a rapaziada na casa dos 20 era um grupo desconhecido. O Pedro Acabado primeiro, o Valter Rico depois, encarregaram-se de me fazer sentir em casa.
Entre 2009 e 2019, assim foi. Primeiro, oficialmente, depois oficiosamente. Uma dezena de anos de contactos regulares deram solidez à amizade. “Valores e amizade” é um símbolo do grupo. Ou melhor, escola de valores e amizade. Palavras que são mais que palavras. Isso fui constatando, ao longo destes anos. Os valores da solidariedade e da entrega total, a profunda união nos bons e nos maus momentos, uma juventude vibrante, animada e respeitadora, com disciplina e com capacidade de trabalho. Um grupo que ganhou o meu respeito e admiração. Para dizer o mínimo.
Em 2019 desafiaram-me para uma deslocação a Soustons, em França. Quase envergonhado fui – muitos moços são mais novos que os meus filhos... – e depois dei por bem empregue cada minuto. O elixir da juventude concentrado em três dias. O ano passado, antes da pandemia, assumi o papel de "fotógrafo" e fui acompanhar o treino dos Forcados de Moura. Foi na Herdade do Barroso. Com o S. Pedro e a serra bem à vista e com o Sobral ali a três quilómetros.Foi uma manhã verdadeiramente extraordinária, onde deu para perceber o que é a densidade e a seriedade de um treino destes. E o nível de preparação e de coordenação que ser forcado comporta.
No ano passado integraram a Comissão de Festas de Nossa Senhora do Carmo. Um grande grupo, de atuais forcados, de antigos forcados e de amigos que nunca vestiram a jaqueta. O assumir de responsabilidades de forma convicta e orgulhosa. O trabalho, a fé e a convicção feitos estilo de vida. Mobilizaram-se por várias vezes, em atitudes de solidariedade e de entrega, quando a pandemia tudo devastou. Se houver justiça, o resto deste ano correrá bem e poderão festejar o aniversário a que têm direito. 50 anos é sempre uma efeméride bonita.
Logo se vê de que forma as coisas vão correr. Haverá, certamente, 51 e 52 e 53. A escola de valores e amizade se encarregará que as coisas perdurem. Por tudo isto, e além de serem um excelente grupo, merecem que os apoiemos. Eles não estão ali por eles. Estão ali por nós. Em nome da nossa terra, da nossa cultura. Em nosso nome.
Crónica em "A Planície"
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