domingo, 31 de outubro de 2021

UM ELMYR LUSITANO

Pela terceira vez aqui trago o trailer de um filme que tenho por verdadeiramente extraordinário. F for Fake, de Orson Welles, que anda à volta da mentira, da fraude e da falsificação de obras de arte. Uma parte do filme é sobre a figura de Elmyr de Hory (1906-1976), um falsário de pintura do século XX, que tanto forjava Picassos como Modiglianis ou Matisses. A sua vida foi objeto do trabalho de um jornalista americano, Clifford Irving (1930-2017), que aparece no filme e que foi, ele próprio, parar à prisão por ter sido o "descobridor" de uma autobiografia de Howard Hughes (1905-1976), que era, afinal, completamente inventada.

No meio deste fascinante, e borgesiano, cruzamento de falsidades, surge a notícia de que numa prisão do norte de Portugal um recluso (!) produziu, durante vários anos, obras de boa qualidade (!!!) supostamente pintadas por nomes tão diferentes e tão sonantes como Almada Negreiros, Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Noronha da Costa, José Malhoa, Cutileiro, Domingos Alvarez e Malangatana.

Um burlão e um criminoso. Mas com um toque de génio, convenhamos. No lugar dele, eu escreveria uma autobiografia. Verdadeira, tanto quanto possível.


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