segunda-feira, 11 de outubro de 2021

ALENTEJANO, HISTORIADOR, 58 ANOS DE IDADE

Começo por clarificar que não conheço pessoalmente Raquel Varela. Nunca trocámos um mail, nunca a vi "ao vivo". Digamos que com o seu estilo peculiar se colocou um tanto "a jeito". Mas esta chacina de que tem sido alvo é abjeta. Ao ler tanta coisa que se tem escrito não deixo de pensar "tanta meretriz fina...".

É certo que a progressão na carreira académica tem normas estritas e que há coisas que não devem acontecer e há atitudes que não se devem tomar. Mas não quero tomar o papel de juiz e muito haveria a dizer sobre muitas carreiras.

O tema não é novo. Recordo um texto com mais de 50 anos e que, temo, ande um pouco esquecido. Vale a pena reler “A situação da Faculdade de Letras (Alguns aspectos)” publicado na revista "Ocidente" em 1970. Eram seus autores Oliveira Marques, António José Saraiva e Vitorino Magalhães Godinho.

A forma como se fazem muitas carreiras é mais que dúbia (estou, formalmente, "fora da carreira" pelo que não falo em causa própria). Agora, muitas das críticas que leio dão vontade de rir... Sobretudo, consigo colocar-me no papel de quem está a ser esquartejado.

Aos 58 anos, e temendo falar em demasia na primeira pessoa, reservo-me pequenos luxos:

* Vou muito pouco a congressos, porque não tenho pachorra para liturgias (abro exceções para Mértola, para as iniciativas da Nova e para os colóquios que a Isabel Cristina Fernandes organiza);

* Escrevo o que me apetece, como me apetece e quando me apetece;

* Os últimos livros foram o "929", com o Fernando Branco Correia, para a Tinta da China, porque ninguém nos disse como tínhamos de escrever, e mais o "Movra Medievalis", com o José Gonçalo e o José Finha, porque foi uma coisa artesanal e nossa;

* Publico em pequenas edições, furiosamente independentes, como quero e com quem quero;

* Recuso, quase sempre, os "peer reviews", porque não sei o que é o cânone, nem quero saber do cânone para nada;

* O próximo livro não é feito a partir do zero; vou reutilizar materiais já publicados (já vejo o clarão da fogueira a acender-se...), mas será, no essencial, uma abordagem inédita.

* O que digo aos mais novos? Leiam, façam fichas de leitura, voltem a ler, discutam ideias com os colegas, procurem abordagens fora dos esquemas habituais e façam da investigação trabalho, prazer e diversão. É possível? Claro que é possível. Como no slogan da NIKE "just do it".

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