segunda-feira, 28 de maio de 2018

DJAMBACÁ

Oito anos se passaram. Quase por acaso, é-me sugerido que use a fotografia, numa iniciativa a arrancar em breve, aqui em Lisboa. Verdadeiramente surpreendido, disse que sim. Veremos que se vai passar...

Há uma história por detrás desta imagem? Há. Em janeiro de 2010, acompanhei um amigo ao Bairro de Santa Luzia, em Bissau. Ia consultar uma djambacá. Pedi autorização para assistir e para fotografar. A feiticeira respondeu com um sorriso coquette e não me deixou começar sem ajeitar o lenço. A sessão foi prolongada, sempre em crioulo e pontuada com os discretos clics da M6. Revelei os rolos em Portugal. Ampliei esta fotografia. Entretanto, já ninguém me sabia dizer a identidade da djambacá ou como fazer chegar-lhe a cópia. Em 2012, levei a fotografia para a Guiné-Bissau. Numa deslocação a Bolama, alguém reconhece a senhora da fotografia. Cuja casa ficava a menos de quatro quilómetros da cidade. O local de habitação era, também, o sítio onde recebia os que procuravam a sua ajuda. Era um sítio escuro, pejado de cabeças de animais e roupa interior feminina. A avaliar pela quantidade, eram muitas as que solicitavam a sua intercessão... As inexistentes condições de luz - e a insistente presença de outras pessoas - levaram-me a não fazer uma só imagem do interior. Fica este registo, de uma viagem a um sítio remoto.

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