quarta-feira, 23 de maio de 2018

JÚLIO POMAR (1926-2018)

Dois cidadãos que geraram unanimidade: António Arnaut e Júlio Pomar. Este último percorreu longas décadas, num percurso coerente, solidário, sério. Evoluiu das margem do neo-realismo para uma pintura poética e hedonista. Como neste Le bain turc, d'après Ingres. O quadro tem 50 anos. Mas não parece.




De uma entrevista a Júlio Pomar, ontem desaparecido, no D.N.:

O que ensinava?
Desenho, desenho geométrico. Mas em menos de um mês tinha ordem de despedimento. E foi um bem. Tenho a agradecer muito ao Salazar e aos seus acólitos, que cuidavam da boa reputação dos ensinantes. Fiquei um bocado atrapalhado na altura, mas foi uma coisa muito boa que eles me fizeram. Eu podia ter-me habituado, como era o caso dos meus colegas que acabavam em professores, e depois bonecos era uma coisa que se fazia quando se era estudante, na escola. Na melhor das hipóteses, ia-se à Brasileira. Estou a fazer graça, mas no fundo é muito a sério. Não me parece que eu tivesse uma massa diferente dos outros. Se eu tivesse continuado, aquilo tomava o tempo e o tempo rareava para outras coisas, acontecia-me a mesma coisa. Havia grandes probabilidades. Foi ótimo. Por mal fazer, bem haver.

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